20.3.06

Mercado

Tenho andado a ouvir, a ver, a ler, a sentir, a trabalhar no quintal, no jardim, a ajudar a podar uma oliveira, a podar um limoeiro… tudo ocupações sem subsídios…
Tenho tido a oportunidade de tomar conhecimento das manifestações dos polícias, das manifestações dos agricultores, das manifestações de populações que vão ficar sem escolas, sem maternidades, sem postos de saúde, das manifestações em Portugal e por esse Mundo fora…
Tenho tido acesso a informação sobre as ofertas públicas de aquisição de acções de empresas de várias e diversas actividades e com lucros de um pouco mais de várias centenas de milhões de euros e mesmo assim cobiçadas por outras empresas também com umas poucas centenas de milhões de euros de lucros…
Já o afirmei e volto a afirmar que estes milhões de lucros não se devem ao preço dos produtos disponibilizados por essas empresas mas tão-somente devido à gestão levada a acabo pelos génios da economia…
Claro que o preço da gasolina, do gasóleo, do gás, da electricidade, do telefone, do telemóvel, do dinheiro, do crédito, do débito…ainda está muito baixo para as bolsas recheadas do pessoal, pelo que lá se vai aumentando o dividendo por acção… como manda o mercado…
Dou comigo a pensar nesta coisa do mercado e fico entusiasmado com os discursos, conversas e opiniões dos especialistas dos nossos jornais, das nossas rádios e das nossas televisões… não tendo dúvidas que se trata do “mercado”, mesmo que aqueles inteligentes não expliquem o que quer que seja das leis desse tal mercado. Apenas que isso acontece porque o mercado funciona.
Mas então digam-me lá porque é que o mercado não funciona na opa da Gás Natural (catalã) sobre a Endesa (espanhola) e quer funcionar na opa da E-On (alemã) sobre a Endesa (espanhola), e na opa dos italianos contra os franceses e dos franceses contra os italianos…e, o que é mais interessante, nas opas portuguesas contra portuguesas…
Poderiam dizer onde está o “mercado”?
Poderiam dizer que o “capital” está num processo autofagia… à revelia do “mercado”?
Coitado do “mercado”…ou de nós que não mercamos…

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