12.3.25

O descanso

 Está feito: vamos ter novas eleições legislativas antecipadas.

Assim o quiseram os intervenientes mui dignos representantes do povo com assento na assembleia da república, a contragosto de alguns pois não sabem ainda se vão lá voltar ou se vão ficar de fora, o que não deixa de ser uma valente chatice.

Mas a vida é assim e não vale a pena carpir as respetivas mágoas, pois de nada serve atirar as culpas para o tipo do lado, esquecendo que quem podia ter evitado  a tragédia ficou calado todo este tempo, quando bem podia ter feito alguma coisa  para servir dignamente o pessoal.

Dá a impressão que se esgotaram as selfies, os beijos, os abraços, as declarações a propósito de tudo e de alguma coisa como se fosse sua obrigação pronunciar-se a toda a hora sobre tudo e sobre nada, nada dizendo que fosse de interesse geral.

Podia ter guardado nem que fosse uma pequena reserva para aplicar num momento de crise séria como a que aconteceu ontem, da qual ninguém sabe as consequências sociais, económicas e políticas para o povo em geral e para os próximos eleitos em particular.

O homem bem podia ter agarrado no telefone, armar-se em valente na sua qualidade de presidente e de tudo o resto que tem sobre os seus ombros e que vem arrastando desde há uns anos e atirar uns quantos berros clamando por um simples bom senso aos que tinham na mão a eliminação da tragédia.

Mas preferiu ficar calado quando milhões de portugueses teriam agradecido a sua intervenção de varapau nas mãos e lavar as mãos de toda a porcaria que se acumulava como se nada fosse com ele.

Está-se mesmo a ver que seguiu aquele adágio popular que às vezes se usa como motivo para a não intervenção: eles que são brancos que se entendam.

Estou cansado, dói-me a cabeça, ando a dormir mal pelo que... ainda tenho que ouvir os partidos, ouvir o conselho de estado, marcar eleições e descansar finalmente o bom e merecido descanso do bom guerreiro.

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