13.3.25

Dos fundos

 O presidente falou e disse/decretou que as eleições legislativas antecipadas seriam realizadas no dia dezoito de maio de dois e vinte e cinco.

Mas antes deste anúncio perdeu uns bons minutos a calendarizar todos os acontecimentos até ao final do dia de ontem, como se todos nós não soubéssemos o que tinha acontecido.

Bem vistas as coisas o presidente demonstrou que passou ao lado da crise instalada unicamente e exclusivamente por sua responsabilidade ao não ser capaz de fazer qualquer intervenção no sentido de não permitir o desenvolvimento da crise  e assim evitar as suas graves consequências.

Ao fim e ao cabo o que se pode entender é que o poresidente não teve qualquer poder para meter-se à conversa com o primeiro e tentar o que ninguém podia tentar: influenciar o primeiro no sentido da estabilidade governativa em detrimento da posição pessoal e teimosa sobre o seu comportamento.

Se o presidente não podia ter qualquer papel  de intervenção a bem da solução final fica claro que o primeiro nunca ligou, não liga e não ligará absolutamente nada ao presidente como se este não passasse de um verbo de encher chouriços, o que já tinha ficado demonstrada por uma variedades de atitudes ocorridas nos parcos meses do reinado do primeiro.

No meu modesto  entendimento e sem pretender justificar a ausência do presidente e a sua incapacidade de suster a crise e dar um outro caminho à política nacional o facto é que o presidente começou a ser colocado de lado e à margem dos problemas e das soluções quando se viu envolvido na política caseira por obra e graça de um seu familiar.

A partir daí as selfies, os beijos e os abraços e as faladuras a propósito e a despropósito perderam fôlego que culminou na total inoperância e incapacidade de desempenhar o papel que lhe competia na solução desta tragédia política, que não vai dar qualquer solução de estabilidade governativa após as eleições legislativas antecipadas...

Eu sempre desejei que o presidente saísse pela porta grande quando terminasse o seu segundo mandato, mas a realidade vai ser outra e a porta será, certamente, a dos fundos...

 

12.3.25

O descanso

 Está feito: vamos ter novas eleições legislativas antecipadas.

Assim o quiseram os intervenientes mui dignos representantes do povo com assento na assembleia da república, a contragosto de alguns pois não sabem ainda se vão lá voltar ou se vão ficar de fora, o que não deixa de ser uma valente chatice.

Mas a vida é assim e não vale a pena carpir as respetivas mágoas, pois de nada serve atirar as culpas para o tipo do lado, esquecendo que quem podia ter evitado  a tragédia ficou calado todo este tempo, quando bem podia ter feito alguma coisa  para servir dignamente o pessoal.

Dá a impressão que se esgotaram as selfies, os beijos, os abraços, as declarações a propósito de tudo e de alguma coisa como se fosse sua obrigação pronunciar-se a toda a hora sobre tudo e sobre nada, nada dizendo que fosse de interesse geral.

Podia ter guardado nem que fosse uma pequena reserva para aplicar num momento de crise séria como a que aconteceu ontem, da qual ninguém sabe as consequências sociais, económicas e políticas para o povo em geral e para os próximos eleitos em particular.

O homem bem podia ter agarrado no telefone, armar-se em valente na sua qualidade de presidente e de tudo o resto que tem sobre os seus ombros e que vem arrastando desde há uns anos e atirar uns quantos berros clamando por um simples bom senso aos que tinham na mão a eliminação da tragédia.

Mas preferiu ficar calado quando milhões de portugueses teriam agradecido a sua intervenção de varapau nas mãos e lavar as mãos de toda a porcaria que se acumulava como se nada fosse com ele.

Está-se mesmo a ver que seguiu aquele adágio popular que às vezes se usa como motivo para a não intervenção: eles que são brancos que se entendam.

Estou cansado, dói-me a cabeça, ando a dormir mal pelo que... ainda tenho que ouvir os partidos, ouvir o conselho de estado, marcar eleições e descansar finalmente o bom e merecido descanso do bom guerreiro.

11.3.25

E caiu

 Depois de cerca de cinco horas de discursos, de gritos, de berros, de traquinices, de discussões, de opiniões, de malabarismos linguísticos, de apartes de mau gosto, de altercações, de coisas feias, de coisas bonitas, de rasteiras, de choradeiras, de acusações e de tudo e mais alguma coisa a moção de confiança apresentada pelo governo caiu...

Vamos ter novas eleições o que para mim pouco significado vão ter, dado que há muito tempo sei em quem voto e em quem não voto, não esperando nada de especial que venha a acontecer a não ser que pouco ou nada vai mudar.

que verdadeiramente me interessa não são as eleições legislativas mas sim dar uma vista de olhos pelo seu significado.

O que aconteceu não foi uma moção de confiança ao governo mas à credibilidade do primeiro ministro face às notícias do conhecimento público relativamente à sua atividade particular que levantaram montanhas de dúvidas que ele nunca quis esclarecer totalmente.

Na prática pretendeu-se apresentar uma moção de confiança ao primeiro, sendo certo que, concordando-se ou discordando-se, da atividade do governo não era este que estava em causa mas sim e somente aquele.

Com culpas ou sem culpas atribuídas a estes e àqueles, o certo é que vamos ter eleições legislativas porque ninguém quis dar o braço a torcer e todos tiveram as suas razões para tal comportamento.

Eu não me considero responsável por tudo o que aconteceu durante a tarde de hoje no parlamento. 

Mas os que lá estiveram e votaram não têm o direito de sacudir a água do capote... mas a realidade é que o povo não tem capote...

   

7.3.25

As viagens

 Por hoje vou deixar de lado a paródia oval e os respetivos desempenhos do imperador e do seu lambe cu, não me vou preocupar com a comédia tragico-cómica do parlamento e com as ações de uns quantos intervenientes ali ocorridas, não vou ligar aos muitos milhões que vão ser envolvidos para lixar o imperador e os seus seguidores do outro lado do mar e vou-me concentrar em dois trabalhos de dois meios de comunicação talvez com o propósito oculto de parodiar o novo aeroporto da capital lusa.

Há já não sei quanto tempo um canal de televisão deu-se ao trabalho de trazer ao nosso conhecimento todos os transportes que um qualquer cidadão teria que apanhar para se deslocar de um determinado ponto da zona da grande lisboa para o novo aeroporto da capital.

Tratou-se de um imenso trabalho de investigação ao qual devemos todos prestar as nossas homenagens como contributo para o nosso conhecimento e informação da trabalheira que vamos ter quando quisermos tomar o avião para o novo aeroporto.

Mais recentemente um outro canal de televisão abordou o mesmo tema mas de uma perspetiva diferente: um determinado cidadão pretendente a tomar um avião no novo aeroporto resolveu tomar um taxi na praça do comércio e solicitar uma deslocação ao sítio onde "será" construído o novo aeroporto de lisboa.

Lá nos foi dizendo que não era no campo de tiro de alcochete mas muito mais longe lá para os lados de canha e não sei o outro nome dado pelo passageiro do taxi. 

Ao fim e ao cabo o custo da viagem andaria muito perto dos oitenta euros, sendo certo que o mais delicioso da aventura está no que se seguiu.

Não querem lá ver que o distinto passageiro foi-nos indicando que este custo não tinha comparação com os custos de uma viagem de lisboa para londres, de uma viagem de lisboa para paris, de uma viagem de lisboa para veneza, de uma viagem de lisboa para... para... para... para...

Foi um enorme volume de informação que nos foi fornecida por um muito inteligente jornalista que terá dedicado parte do seu precioso tempo a recolher toda esta informação que nos foi, é e será muito útil daqui a uma dúzia de anos, de tal modo que não vamos prescindir de a gravar nos nossos neurónios.

Claro que tanto num caso como no outro, nós os tontos da televisão e os ignorantes da situação real desta terra, não deixaremos de considerar que os exercícios tiveram em conta que daqui a uma dúzia de anos os transportes públicos e privados vão ser iguais aos atualmente existentes, que todos os passageiros vão tomar o taxi na praça do comércio como se lisboa fosse apenas e tão só a praça do comércio...

Claro que os inteligentes que trabalharam arduamente nestas informações poderiam ter-se lembrado que daqui a uma dúzia de anos as coisas já não serão como hoje e que haverá certamente alguma evolução, que haverá muitas empresas vivas a fornecer transportes para todo o lado e principalmente que se poderiam lembrar de nos dar informação do custo de um taxi do centro de paris para o aeroporto charles de gaulle, do centro de londres para heatrow, do centro de roma para fiumicino, da gran via para barajas e até do porto para matosinhos e ainda de faro para o seu aeroporto...

Assim já estaríamos mais convencidos em ir a madrid para tomar o avião para o movo aeroporto de lisboa e daí para a praça do comércio  daqui uma dúzia de anos, mesmo que a nossa morada fosse em benfica.... 

Não haverá coisa mais útil para fazer nas redações de alguns canais de televisão...?