27.1.25

De mau humor

 Parece que o imperador está a ter dores de cabeça devido a algumas dúvidas sobre os procedimentos adotados por parte dos seus súbditos pobres e mal agradecidos.
Não acharam muita graça ao verem que os ilegais eram transportados em aviões militares e devidamente acorrentados para evitar surpresas durante o voo e imediatamente fizeram-se ouvir vozes de discordância que não foram aceites por se entender que se tratava de oposição, o que não constava dos planos iniciais.
Discussão para lado, berros por outro, ameaças com tarifas, apresentação de tarifas ainda mais elevadas e a coisa lá se compôs e mais alguns lá foram enviados para donde vieram.
Sucede que este episódio vai certamente dar origem a muitos outros com graus de gravidade mais elevados até que um dia o imperador vai dar-se conta que que as coisas nem sempre correm de feição, tornando-se necessário algumas adaptações e cedências para que os fins sejam atingidos pelo menos na sua maior parte.
As pressões externas vai dar origem a movimentos internos com resultados imprevisíveis de tal modo que o imperador vai ter entre mãos graves problemas para resolver que podem pôr em causa a sua liderança universal.
Qualquer dia vai começar a receber umas mensagens inofensivas mas ameaçadoras que não se reduzem a subida de tarifas mas a incidirem  no que mais custa ao imperador: a contestação do poder e do modo como é exercido.
Por cada milhar de devolvidos há uma resposta bem mais grave e bem mais contundente: todo o pessoal civil e militar de uma determinada base naval instalada num determinado local de um determinado país que representa a supremacia e o domínio do imperador é expulso e confiscado todo o equipamento...
 
Ainda se pensou numa resposta à altura do atrevimento manifestado fazendo uso da invasão por terra, mar e ar mas as análises dos seus escravos pensadores alertaram-no para a impossibilidade de tal projeto havendo quem pensasse que uma pequena bomba nuclear resolveria tudo a contento.  
Mas a coisa não resultou porque a revolta e a sequência dos acontecimentos podiam descambar  numa guerra total, pelo que a afronta foi assumida como afronta e o resultado seria catalogado  como falhanço da política planeada sem ter em conta que todos os desgraçados, porque são aos milhões, também dispõem de algum poder de reivindicação que é preciso ter em conta.
Os imperadores tomam posse de um império normalmente por herança e os ditadores assumem-no por conquista após algum tempo durante o qual vão dando conta dos descontentes, da eliminação de adversários, do desterro e da prisão de muitos outros até que a reino esteja pacificado e a contestação seja apenas permitida numa manifestação de não mais de três indivíduos. 
Assim se vai perpetuando o poder do imperador e do ditador, mas é coisa que não vai durar para sempre e um dia quando menos se espera a coisa dá para o torto e lá se vai o imperador e o ditador sem se saber nem como nem porquê.
Até agora todos caíram apesar de alguns terem resistido muito para além do devido e do aceitável...
Os deuses não dormem e até eles às vezes acordam de mau humor...



 

 


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