No âmbito da política caseira mudar de opinião seja lá sobre o que for torna-se deveras perigoso para a credibilidade de qualquer agente político, parecendo que a alteração de uma determinada posição sobre um determinado assunto é matéria que requer muita ponderação e muito bom senso sob pena da cair o carmo e a trindade sobre quem tem a ousadia de mudar de opinião, mesmo que o tema seja de lana caprina e sem qualquer interesse.
Contudo a coisa chia mais fino se tivermos em conta que a opinião pública depende na grande maioria das circunstâncias de uma meia dúzia de iluminados que vivem à sombra do que pensam e dizem os agentes políticos dos partidos ou movimentos de maior dimensão e que representam muitas vezes o pensamento da sociedade, devendo por isso terem em conta que estão sujeitos aos olhares penetrantes de muita gente.
Apesar disso tenha-se na devida conta que qualquer espirro de um determinado político pode desencadear um conjunto de reações umas vezes com algum significado e outras nem tanto.
Por isso nem sempre se entende a barafunda e a balbúrdia que se apodera dos fazedores de opinião quando um político se passa dos carretos e manda um bomba para o ar, umas vezes para experimentar o nível de atenção do pessoal, outras para se fazer ouvir e outras ainda para manifestar uma determinada posição sobre um determinado assunto de que se fala e se opina nos meios de informação.
Somos levados a pensar que um qualquer indivíduo com responsabilidades sociais não pode nem deve alterar a sua posição política, social, ideológica ou até filosófica sobre uma determinada matéria importante ou não, mantendo-a inalterável e permanente independentemente de tudo à sua volta ter mudado, ter alterado, ter progredido, ter regredido, como se o universo não fosse feito de mudança...
Somos levados a pensar que uma das caraterísticas dos indivíduos humanos é o raciocínio permanente sobre as coisas e que está condicionado por milhentas variáveis, umas perfeitamente controláveis, mas a grande maioria fogem ao controlo de quem está sujeito às influências e condicionalismos da vida.
Somos levados a pensar que se trata de um "crime" a alteração e a mudança da posição assumida num determinado momento sobre um determinado assunto, recusando todo e qualquer avanço que aconteça nas diversas facetas da sociedade.
A fim e ao cabo não deixa de ser curioso o raciocínio: se mudas não deves mudar, se não mudas deves mudar...E lá estamos com o adágio popular: preso por ter e preso por não ter...
No fim de contas o que importa... é que falem...