24.2.24

Os debates

 Começou a campanha eleitoral para as eleições de dez de março, mas em contrapartida acabaram os debates entre os candidatos a primeiro ministro.

Não sei o que foi ou será melhor para o pessoal que pensa ir votar, mas para mim que nunca falhei uma votação, sem dúvida alguma que prefiro a campanha eleitoral porque, pelo menos, não terei de fazer o "sacrifício" de ouvir os científicos comentários daquelas enciclopédias de conhecimento sobre a política nacional.

Não é fácil fazer um rescaldo sobre os debates, mas tenho a certeza que me vejo privado da oportunidade de enriquecer desmesuradamente os meus conhecimentos sobre a política ouvindo todos aqueles cientistas feitos comentadores e alguns dos melhores jornalistas moderadores de debates entre políticos.

Diria que algumas coisas eu aprendi: pedir dignidade, verdade, respeitabilidade, seriedade, moralidade e algumas coisas mais aos candidatos, aos comentadores e aos entrevistadores/moderadores é coisa que está fora das minhas expetativas que esperava dos debates e ações consequentes.

Foi um ver se te havias sobre quem estaria menos comprometido pelo respeito do adversário, pelas suas ideias, pelas suas palavras, pelo seu direito de expressão, sem ser interrompido quer pelos seus colegas quer pelo próprio moderador que mais parecia um entrevistador com dois entrevistados em estúdios diferentes.

Honra seja feita aos representadores dos pequenos partidos, que tiveram um comportamento quase sempre exemplar no que respeita aos seus oponentes como ao moderador, respeitando quase sempre o seu tempo de intervenção, ao contrário do que aconteceu sistematicamente com os craques dos três maiores partidos e às vezes com o do quarto, que mais pareciam estar num taberna a jogar à sueca e não num debate político na presença de largos milhares de telespetadores.

Francamente não gostei e adianto que para mim e para muitos milhares de votantes foi a coisa inútil e de alguma maneira perniciosa por ter afastado alguns votantes pelo desagrado causado por algumas intervenções.

Digam-me lá para que serviu a maior parte do tempo dos debates que colocaram frente a frente os "concorrentes" quando o que disseram foi sistematicamente o mesmo em todos os debates?

Serviu para alguma coisa este modelo?

Talvez e apenas para dar voz a umas boas dezenas de comentadores que, certamente, não estiveram ali numa situação de "pro bono"..., embora alguns não merecessem nem um euro pelos lugares comuns proferidos que seriam acessíveis a qualquer votante mesmo que residindo lá nas profundezas do país interior profundo...

Não assisti à maioria dos debates e muito menos à enorme quantidade de comentários.

Mas fiquei cansado e arrependido do tempo gasto no processo... 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

9.2.24

O chumbo

 Neste imenso universo conhecido existe um pequeno país governado por um sistema dito "democrático" onde o povo decide por voto secreto os seus governos e muitas mais coisas.

Como em todos os outros países conhecidos existe uma miríade de profissões a exercer funções das mais simples ou mais complexas, mais importantes ou menos importantes, mas todas necessárias para o bom funcionamento da sociedade.

Para o exercício de algumas funções dessas profissões exige-se a utilização dos mais diversos instrumentos, nomeadamente armas de fogo, consideradas essenciais e indispensáveis para o normal desempenho dessas funções.

Por razões, a grande maioria aceitáveis, os profissionais portadores de armas de fogo essenciais e indispensáveis para garantirem a defesa de pessoas e bens, bem como da sociedade em geral e de instituições em particular, os profissionais em causa sentiram-se descriminados relativamente a outros profissionais com funções semelhantes e até parecidas por atribuição a uns e não a outros de um determinado montante em dinheiro por conta do risco existente no exercício das respetivas funções.

Deliberaram um conjunto de protestos, iniciados por manifestações nos mais diversos locais, nas mais diversas horas e dias para gáudio das televisões que não perdiam pitada. Os protestos continuaram com a recusa de prestação de serviços de segurança a várias instituições, devidamente pagos por essas entidades, passaram a tentativas de entrega de armas, a apresentação de atestados médicos e, por fim, a reprovação "intencional" nas provas de tiro com as suas armas necessárias e indispensáveis para o exercício das funções da sua profissão.

Todo o tipo de manifestações e protestos na via pública, salvaguardando a garantia da ordem pública e a segurança de pessoas e bens, são perfeitamente aceitáveis como forma de obtenção de justiça que se julga estar posta em causa.

A recusa da prestação de serviços remunerados fora das suas horas de trabalho e devidamente autorizadas até podem ser aceitáveis, desde que a autoridade da hierarquia não seja posta em causa.

As faltas ao serviço justificadas por atestado médio de "duvidosa legalidade" que comprove a existência de uma doença real que impossibilita o exercício de funções da referida profissão só dirão respeito ao médico responsável pela emissão do referido atestado.

Mas o chumbo "voluntário" numa prova de tiro com armas usadas normalmente e necessárias e essenciais para o exercício das funções da profissão não pode permitir que os respetivos profissionais continuem a ser classificados como profissionais daquelas profissões.

Pelo que só temos presente uma via à disposição dos decisores para solucionar o problema: demissão imediata, com todas as consequências...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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7.2.24

O apelo

 Arrasador, abrasador, aterrador tem sido o tempo dos debates pré-campanha eleitoral para as legislativas de 10 de março.

Nunca pensei que as televisões tivessem todas uma bolsa de comentadores, de analistas e de jornalistas altamente qualificados para analisar, comentar e opinar sobre os debates entre os candidatos a ganharem as próximas eleições.

Estava longe de pensar a existência desta realidade, pelo que fiquei um tanto ou quanto desnorteado quando vejo que logo após o fim dos debates, que mais parecem ser uma entrevista com um jornalista a fazer perguntas nem sempre iguais a cada dos intervenientes e não um moderador sem desejo de ser o ás da festa, aí estão os comentadores, os analistas, os especialistas, os jornalistas/comentadores e os comentadores/jornalistas a debitarem tudo e mais alguma coisa sobre o que disseram os tais intervenientes e candidatos a primeiro ministro do próximo governo.

Umas vezes aparecem dois, vezes aparecem quatro e já estiveram presentes em número mais elevado e todos a dizerem o que já disseram noutros debates semelhantes.

E isto não acontece no canal que transmitiu o debate. Acontece em todos os canais generalistas em cabo ou sem cabo, sendo manifesta a abundância deste pessoal que tanta falta têm feito na composição de todos os governos, principalmente na composição deste último com maioria absoluta.

Já tenho pensado no que seria este País se tivesse um governo de maioria absoluta composto pela grande maioria destes comentadores, de analistas e de jornalista.

Esta situação não seria do agrado dos diretores nos canais de televisão porque se veriam privados de tanta ciência e de tanto conhecimento de todos os setores sociais, económicos e financeiros que diariamente demonstram nas análises feitas aos debates.

Em contrapartida ganhava esta terra e principalmente ganhava o povo ignorante quando tinha tanta dedicação e tantos conhecimentos na gestão da coisa pública, sem se preocupar pela hipótese de existir corrupção, economia paralela e má gestão e prática de injustiças de todo o género, sem listas de espera e sem cirurgias atrasadas e escolas sem professores...

Esta terra estaria ao abrigo de tanta porcaria que por aí anda, principalmente o desgoverno das escolas, dos serviços de saúde, dos transportes pública, da segurança de pessoas e bens, de salários de miséria, de pensões do terceiro mundo de privatizações calamitosas e aldabradas, enfim, de um sem número de coisas que nos são oferecidas por esta gente incompetente que nos continua a governar.

Por isso aqui fica o meu apelo: que o próximo primeiro ministro ao poder os comentadores, os analistas, os os jornalistas, os especialistas que todos os dias nos oferecem um verdadeiro espetáculo de ciência e de conhecimento nas suas análises aos debates pré campanha eleitoral.