Durante as transmissões televisivas de qualquer desporto e quando os comentários nada adiantam sobre o desenrolar da competição e se reduzem a lugares comuns ou quando a conversa não tem motivos de interesse e nada adianta ao meu conhecimento, utilizo a prerrogativa da posse do comando que se limita a cortar-lhes o pio e ouvir o silêncio das imagens.
Isto sucede com frequência pelo que, de vez em quando ou de quando em vez, tenho a oportunidade de ser presenteado com mimos que me deixam de boca aberta enquanto não decifro o respectivo código.
Foi o caso de ontem que me proporcionou o comentador jornalista da rtp ao referir que a etapa estava a ser corrida baixo um "calor sobrenatural"...
Fiquei a matutar sobre o eventual significado da dita expressão "calor sobrenatural" não conseguindo imaginar o que se queria dizer com tal coisa...
Será que as chamas do inferno podem ser consideradas "calor sobrenatural", mesmo desculpando o que vulgarmente se entende como "sobrenatural"?
Será que lá no assento etéreo onde se sentam os nossos antepassados e onde todos nós nos sentaremos em devido tempo o calor é "sobrenatural" e não natural adequado à situação de paz eterna com a protecção dos anjos e dos arcanjos...?
Mas não tudo..
Ontem, quando os ciclistas estavam prestes a iniciar a subida do monte farinha no auge da emoção desportiva propiciada pelo envolvimento na corrida o tal comentador jornalista da rtp atira aos quatro ventos uma outra expressão com a qual eu fiquei literalmente "banzado?": uma "subida vertiginosa"...
Santa Maria Nossas Senhora da Graça: se fosse ao contrário, isto é, se fosse a descer eu teria entendido perfeitamente o significado subjacente à expressão "descida vertiginosa" porque a velocidade sereia mais que muita, próxima da velocidade da luz.. mas considerar "vertiginosa" uma velocidade a rondar os vinte quilómetros por hora nem com muito boa vontade...
São os mimos do directo...
Bendita a língua que tais desditas permite... e ainda por cima na "nossa rtp" e no "serviço público" de televisão...
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