Nos tempos em que o mês de Agosto era o mês por excelência das férias da malta lá do norte que debandava as praias do Algarve logo no dia 1 dizia-se em ar de comentário jocoso "chegaram os índios".
Eram grupos de avós, pais, filhos , netos, primos, sobrinhos, empregados com quatro e cinco chapéus de sol e ainda, às vezes, algumas tendas de proteção do sol, tudo isto colocado cientificamente na praia como se se tratasse de um espaço reservado para aquele pessoal que pouco ou mesmo nada tinha a ver com os tipos envolventes.
A praia eram eles e os outros nada contavam e não deviam estar ali a incomodar quem vinha de tão longe.
Vem isto a propósito do que se passou ontem aqui na aldeia, onde me encontro voluntariamente confinado desde os princípios de março.
Chegaram "turistas" transportados em seis automóveis e assentaram num "palácio" moderno construído aqui na aldeia a cerca de cento e cinquenta metros do casco urbano, na encosta de um pequeno morro com os horizontes quase infinitos para nascente e para poente...
Uma das primeiras coisas que se notou foi o ruído infernal dos gritos e dos berros e da música que se faziam ouvir por todo o lado incluindo as ruas de toda a aldeia.
Eram gritos e berros como se estivessem a chamar por alguém que estivesse no ervedal ou até em souzel envoltos em música condigna da pesada, porque aqui os alentejanos têm a mania da concertina e da guitarra para acompanhar as desgarradas e os fados...
O batuque continuou por toda a tarde e prolongou-se até altas horas da noite, pois que cerca das 00h00 ainda se ouvia o som da pesada.
Mas a coisa esteve bem activa, dado que hoje o pessoal só se manifestou por volta da 11h00 com os tais gritos e a tal música que me fez lembrar, mais uma vez, algum pessoal que se abeira do colombo com o rádio a tiracolo...
Hoje é sábado, amanhã será domingo e a paz e a tranquilidade voltarão a este paraíso já descoberto pelos "turistas" de fim de semana.
É justo: durante a semana os horizontes deste pessoal está limitado ao prédio do outro lado a rua, pelo que será um pecado bem grave não aproveitar esta maravilha..., embora fosse interessante que se lembrassem de que ainda existem por aqui alguns residentes e naturais, merecedoras de serem respeitados...
Parece que lá na parte mais antiga da aldeia a festa não é menor: uma rua cheia de carros...
Sem comentários:
Enviar um comentário