19.7.15

O serviço público

Fiquei  completamente convencido sobre a qualidade do serviço público prestado pela televisão pública a propósito da transmissão directa da final do campeonato do mundo de futebol de praia, que decorreu esta tarde na cidade de Espinho.
Tive a rara oportunidade de ver a entrega da medalha de bronze, da medalha de prata e da medalha de ouro aos atletas que marcaram mais golos, a entrega do prémio ao melhor guarda-redes e ao melhor atleta do campeonato e...
Tive ainda a rara oportunidade de assistir à entrega de medalhas aos árbitros da final..
E ainda tive a rara oportunidade de assistir à entrega de medalhas aos atletas das equipa classificada em terceiro lugar, aos atletas da equipa classificada em segundo lugar, mas...
Não tive a rara oportunidade de assistir à entrega das medalhas aos atletas da equipa classificada em primeiro lugar, isto é, assistir em directo à entrega das medalhas de ouro aos atletas campeões mundiais de futebol de praia.
Isto foi tanto mais de estranhar se se pensar que os campeões mundiais de futebol de praia não eram atletas gregos, aqueles desgraçados e malvados que têm desbaratado os dinheiros dos credores que tão generosamente os mantêm a viver, mas sim atletas portugueses, nados e criados em Portugal, pois acabavam de se sagrar campeões mundiais de futebol de praia, disputando a final com uma equipa lá da Oceânia ou da Polinésia francesa, sabendo-se lá onde isso fica.
Mas a selecção de Portugal, tornada campeã do mundo por força da vitória dos seus atletas, não mereceu a devida consagração por parte do serviço público de televisão prestado pela televisão pública, porque quando tudo se preparava para o efeito, alguém passou a emitir publicidade...
Quando uns tempinhos mais tarde aparecem de novo as imagens já os atletas portugueses de medalha ao peito e com a taça nas mãos faziam vibrar os corações dos portugueses que assistiram in loco à grande final, pois todos os outros que esperávamos  ver  a consagração dos nossos atletas fomos brindados com uns quantos anúncios publicitários.
Foi uma brincadeira de mau gosto, foi pura desfaçatez, foi vergonha nacional o que aconteceu neste fim de tarde do dia em que a selecção de Portugal de futebol de praia se sagrava campeã do mundo, quando a sua consagração foi substituída por publicidade.
Quem foi o responsável?
Quem assume a responsabilidade?
Quem permanece no cargo?
Quem se demite?
Depois venham com aquela história do serviço público de televisão prestado pela televisão pública, paga por todos aqueles que temos um contador de energia eléctrica, mesmo que este contador sirva apenas e tão só para fazer chegar água a meia dúzia de árvores...
Bem podem lavar as mãos com a merda que fizeram...

8.7.15

O debate do estado

De vez em quando, o esquecimento de um facto qualquer  ou de uma acção programada é razão fundamental para atribuirmos à nossa cabeça a cómoda situação de não fazermos o que poderíamos ou deveríamos fazer.
Foi o que hoje me aconteceu.
Esqueci-me, pura e simplesmente, de que era o dia do último debate sobre o estado da nação (?) antes das próximas eleições legislativas.
Suponho que terei perdido uma rara oportunidade de ouvir e ver uma discussão sobre a verdadeira política portuguesa com uma abordagem realista e séria das soluções para os problemas de uma boa maioria de portugueses.
Suponho que tenha desperdiçado a minha última oportunidade de entender o que se passa com a nação e vislumbrar qualquer coisinha do que nos pode acontecer nas e após as eleições.
Suponho que o meu esquecimento terá sido motivado e justificado por uma certa dor que tenho andado a sentir sobre o meu ombro esquerdo, sem pretender culpar quem quer que seja das causas e dos motivos da minha grave falta e falha.
Contudo, não posso entender que o meu esquecimento tenha sido motivo de discussões intracraneanas por parte de alguns deputados, pois ainda continuamos a pensar que há liberdade de ver e de ouvir quem e o quê está a passar nos canais de televisão, quer públicos quer privados, mas ainda assim, canais de televisão totalmente livres de orientações e pressões políticas.
Não posso deixar de lamentar o esquecimento, voluntário ou involuntário, do último debate do estado da nação, pois uma oportunidade desta natureza não vai ocorrer nos próximos quatro meses, pelo que estarei privado de ver e ouvir todos aqueles que, antes ou agora, são responsáveis pela minha qualidade de vida, apesar dos baixos juros praticados pelos credores, do aumento da dívida pública, dos cofres cheios de dinheiro para devolver, da carga fiscal e, finalmente, da esperança de que um dia, lá para os anos de dois mil e cem, os portugueses (?) consigam pagar alguma coisa do que agora se deve.
Apesar disto, acho agora que não tinha o direito de perder a audição e a visão do brilhantismos das intervenções de uns quantos políticos que se entendem donos e senhores da verdade, quando a mentira e a manipulação está sempre presente com a clara intenção de purificar as ideias de uns tantos desgraçados, que não reconhecem, ou não querem reconhecer os méritos e os sacrifícios de quem serve o bem público.
E ninguém me diga que a esperança é a última coisa a perder, mesmo depois da perda da dignidade.
PS.
Durante a transmissão da volta à França em bicicleta, de que não me esqueci, tive a oportunidade de contemplar imagens dos "memoriais e cemitérios" aos e dos mortos da primeira grande guerra.
Que descansem em paz todos aqueles que já foram!