Ainda me restava uma ténue esperança de que os atuais inteligentes que dirigem as políticas caseiras tivessem um pingo de dignidade e se atrevessem a tomar algumas medidas que dessem sentido à sua governação.
Mas os acontecimentos dos últimos dias encarregaram-se de retirar alguma coisa que me restava e obrigam-me a considerar que estes senhores não merecem nem justificam qualquer atitude de benevolência ou de compreensão por tudo aquilo que andam a fazer.
De fato, podemos considerar que esta gente dá a entender que atingiu o cúmulo da pouca vergonha quando orienta as suas diatribes para quem ousa dizer-lhes que os valores éticos e políticos ainda merecem algum respeito mesmo daqueles que exercem as funções de governação.
Já não chega que descarreguem toda a sua boa vontade de destruir o que ainda resta do estado social para se atirarem com unhas e dentes como cães de fila contra uns quantos que, embora não sendo eleitos e que sejam uns privilegiados da democracia, ainda se atrevem a enfrentar o touro pelos cornos e dizer-lhe que a lei é para todos e que todos a devem respeitar.
E se houver alguém que não esteja disponível para acatar a lei e para respeitar quem tem a responsabilidade de a fazer cumprir, será certamente mais sensato que ou a altere ou se vá embora por incapacidade de viver em democracia.
Em última análise, que faça um golpe de estado e tome o poder e o entregue a um ditador, que até poderia ser um coelho, porque, nessa altura, já não haveria pessoas dispostas a aturar ou conviver com um regime desta natureza.
Parece haver alguma tendência numa quantidade de políticos da nossa praça de ver castelos de vento a pairar sobre as suas cabeças quando o que se pretende fazer não pode ser feito por as circunstâncias o não permitirem.
Estes tipos devem continuar a pensar que nós somos um bando de idiotas que não temos qualquer capacidade para entender que nem tudo o que dizem ou pretendem dizer e fazer é permitido pelo bom senso e estaremos sempre de braços abertos para aturar os desmandos desta gente.
Eu admito que haja uns quantos milhares de portugueses, por formação, por convicção, por despeito e por dependência e até por conveniência, que estejam de ac ordo com as políticas seguidas, principalmente todas aquelas que querem e pretendem colocar os funcionários públicos, os pensionistas e reformados na base da pirâmide social, como se fossem eles os empecilhos a eliminar para levar por diante a política de fazer dos portugueses uma mina de mão de obra barata para servir dignamente o capital.
Mas há muitos outros que não são capazes de entender como é possível o ter um governo que careça de orientações dos juízes do tribunal constitucional para serem estes a dizerem como se deve governar ou o que se pode fazer sem ofender a constituição.
Pretende-se alterar o processo: sejam os juízes a dizerem o que fazer e como fazer para que os governantes executem o que se deve executar sem ofender a dignidade dos cidadãos.
Podia perguntar-se, nestas circunstâncias. para que serviam os ministros, os secretários de estado e os milhares de moscas e mosquitos que os acompanham, quando temos os directores gerais e os presidentes de qualquer coisa.
Do mesmo modo, poderia por-se em causa, a existência de deputados e dos respectivos custos numa democracia onde se pretende que sejam os juízes a dizem o que devemos fazer e não a salvaguardar os direitos dos cidadãos.
Isto não é uma comédia, isto é uma tragédia para um povo que é dirigido por esta gente que tem azedume na consciência e ódio nas palavras e insolência no comportamento, tão só porque sabe que, por enquanto, está seguro, porque o seguro é um tonto e um basbaque que não se dá conta, ou não quer dar-se conta, que as suas hipóteses estão fora dos nossos horizontes.
Mas os tempos mudam...
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