19.5.11

Os merecedores

Tenho andado um bocado distraído com esta coisa da política, dando a impressão que a situação está longe das circunstâncias de uma pré campanha eleitoral, quando todos estão preparados para o tiro de partida.

Bem vistas as coisas não se vai notar que haja um tiro de partida com o início da campanha eleitoral, uma vez que desde a demissão do governo mais não houve que campanha eleitoral, excetuando uns dias em que se falou muito da troika, das suas diligências e depois do seu memorando.

E mesmo aqui notou-se que os principais partidos ou, se preferirem, os partidos com mais votantes, não perderam uma oportunidade para dizerem que eles eram os que reuniam mais condições para serem governo e salvar o país de cair no abismo, salvar-se da bancarrota, dar uns passos para sair do buraco e mais coisas quejandas.

Tenho deixado passar ou tenho passado ao lado de muita coisa que vai acontecendo no dia-a-dia da política sem umas breves palavras que fossem para recordar e nada mais.

Não vou deixar no esquecimento um "debate" eleitoral dos partidos fora da área do poder legislativo ocorrido ontem: foi uma delícia ouvir aquele pessoal, que raramente tem acesso às televisões, a não ser quando acontece alguma chatice, incluindo manifestações ou greves ou boicotes de qualquer coisa.

É impossível que os ouvintes e telespetadores atentos não concordem com quase tudo aquilo que é dito, salvo o discurso pseudo-revolucionário do Garcia Pereira que, tal qual o Jerónimo de Sousa, continua a dizer a mesma coisa há mais trinta anos sem que haja uma alteração mesmo que seja superficial na análise da situação política.

Ninguém com um pouco de bom senso não pode deixar de considerar que estes dirigentes políticos seriam os mais indicados para estarem à frente dos destinos do País tão agradável de ouvir é o seu discurso, salvo aquele que declarou abertamente não pretender ser governo nem estar ali pelo poder mas apenas e só para dizer que os seres vivos são o fundamental da vida.

Só que e infelizmente qualquer destes sete ou oito partidos não vão ter hipótese de eleger um único deputado para pelo menos manter acordados uma grande maioria de outros deputados naquelas sessões doidas do parlamento...à semelhança daqueles tempos áureos de um deputado da UDP... do qual temos saudades.

Esqueci-me de dizer que ouvi e vi no momento aquela tirada do Catroga, que, deixem-me dizê-lo em português vernáculo, estava certamente com os copos...


 


 

6.5.11

Falou

Já andava muita gente, principalmente, jornalistas, comentadores e políticos, preocupada por o Presidente ainda não ter falado sobre as negociações e acordos com a troika a propósito do resgate da dívida a Portugal.

Finalmente o Presidente falou e disse o que já tinha dito outras vezes, o que outros já tinham dito anteriormente e coisa nova não disse coisa nenhuma, a não ser que tinha acompanhado tudo muito bem, como já o tinha dito e fizera anteriormente.

Então porque falou?

Falou porque andavam a dizer que o Presidente não falava e o Presidente tinha que falar para acalmar esta gente toda que andava a dizer que o Presidente não falava, como se nada tivesse a dizer sobre o que se estava a passar de tão grave que era.

Já falou e agora os que andavam a dizer que o Presidente não falava terão que procurar nova justificação para chatear o Sócrates e deixar o Presidente em paz que no fundo é o que ele deseja e suspira e aspira.

Gostei muito do novo formato das notícias das oito, "Jornal das oito" como passaram a chamar-se, da tvi com as duas sumidades jornalísticas que transitaram da rtp.

Cá por mim já o tinha pensado e agora o deixo escrito que neste negócio a ganhadora foi televisão pública que se viu aliviada do pagamento de uns largos milhares de euros por mês sem qualquer prejuízo para a qualidade das suas notícias.

Por consequência a única entidade prejudicada com o negócio foi certamente a tvi dados os encargos financeiros adquiridos com um duvidoso aumento da qualidade da sua informação.

Logo no início se viu o apresentador jornalista a fazer a mesma figura quando se levantava da sua cadeira e se aproximava de qualquer suporte informativo e se via privado do seu querido teleponto: a gaguejar como se de um novato se tratasse, embora haja alguns novatos mesmo na tvi que não fazem aquela figura que tanto aborrece o pessoal ouvinte e vidente, quando não há qualquer razão para tal, vinda que vem de especialistas tão considerados e com altíssima reputação...

Mas o mercado é assim e o setor privado não tem que prestar contas a meio mundo, mas apenas aos seus proprietários...

Foram publicadas novas sondagens sobre as preferências eleitorais dos eleitores portugueses: quem estava à espera do pontapé no traseiro do Primeiro demissionário está a coçar as orelhas, pois que a coisa está a dar para o torto.

O tempo não está grande coisa pelo que se espera que haja muita palha e muito feno para que, pelo menos, as animálias deste Portugal inteiro tenham um verão e o próximo inverno com muita comida, independentemente de quem ganhar as eleições e se sente nos poleiros do poder...


 


 

5.5.11

Está troikado

Uma nota muito curta para referir que fiquei completamente nas lonas e de rastos com aquela declaração do Primeiro após o acordo com a tal dita "troika", que estava connosco há uns bons dias a tratar da saúde aos portugueses.

Aos portugueses, ponto e vírgula. A tratar da saúde a muitos portugueses porque de outros não vai tratar coisa nenhuma, pois esses estão protegidos pelos deuses e não exista qualquer troika que se meta com eles...

Parece que o pessoal que andava com as orelhas a arder com as notícias constantes da comunicação social que atiravam para as urtigas as pensões, o décimo terceiro, o décimo quanto, o salário mínimo, a segurança social, as reformas e mais umas quantas coisas ficou satisfeito com a declaração do Primeiro.

Por outro lado, os outros, os que queriam ainda mais sangue ficaram um tanto ou tanto desiludidos porque a troika não troikou lá muito bem e deixou uns quantos rabos completamente soltos para dar um pouco mais de ânimo a alguns e o desespero a outros.

Confesso que também já andava preocupado com o décimo terceiro e com o décimo quarto, porque a machadada na pensão já estava assegurada, certo e sabido.

Agora que cada um diga que tudo isto se ficou a dever ao esforço da oposição, nomeadamente à oposição de esquerda, porque a da direita tem as orelhas bem vermelhas como que a anunciar alguma trovoada acompanhada de algum vendaval que pode levar às urtigas qualquer veleidade de maiorias absolutas...

Que me importa a mim que a tap seja totalmente privatizada? Que perco eu com a privatização total da edp e da ren? Que posso eu perder se a ana deixar de ser do estado e passar a ser de quem quer que seja?

Por mim bem podem impostar ainda mais o tabaco e todas as bebidas alcoólicas, apesar de poder lamentar profundamente o que pode acontecer à cervejinha... e bem podem criar um escalão especial de iva para taxar a coca cola e quejandas bem como aquelas frutas exóticas que se importam do Vietname e países semelhantes que em nada acrescentam à saúde e vida dos portugueses, a não ser a alguns estudantes que boicotaram uma cantina porque o preço das refeições subiu vinte e cinco cêntimos passando para um valor total inferior a três euros...

Amanhã, se tiver disposição suficiente para tal, vou continuar a ficar banzado com as declarações do Primeiro, quando falar dos montantes e das taxas de juro...