23.10.09

O percurso

Perguntava-me outro dia um amigo meu se, passadas que foram as eleições autárquicas e reeleito Vereador o Vereador Sá Fernandes, passava a orientar os meus humores para outra coisa que não fosse a ciclovia da Avenida do Colégio Militar.

"Jamais" (pronuncie-se em francês para recordar expressões famosas de um passado recente) …, mas admito qualquer coisa se houver alguma disponibilidade para percorrer a dita ciclovia desde o Largo da Luz até ao Parque da Quinta da Granja, que, diga-se, ficou bem melhor do que aquilo que eu imaginava, muito embora note que foram colocados poucos bancos, como se o Parque seja de passagem e não propriamente para lazer do pessoal, além de que se esqueceram da criançada, que adora escorregas e baloiços…

Que sim senhor, vamos lá tratar de efectuar esse percurso, sendo conveniente que se faça a descer e a pé, porque a subir e de bicicleta nem a Helena Roseta.

Começamos aqui no Largo da Luz e deixamos para trás o que se passa para os lados da Avenida Fernando Namora. Aqui no Largo da Luz tem que haver muita atenção para se encontrar vestígios da ciclovia, mas ali mais à frente já se nota qualquer coisa ao atravessar o topo norte da Avenida do Colégio Militar, o que exige muita atenção pois pode muito bem acontecer que venha um veículo a subir ou a descer a dita que foi Avenida.

Agora presta bem atenção ao que se passa junto à paragem dos transportes públicos ao lado do Edifício da Junta de Freguesia e nas traseiras (?) do Prémio Valmor de Carnide e magnífico jardim anexo: a ciclovia parece que vai acabar, mas umas curvas bem desenhadas lá nos indicam que vai continuar agora a descer a Avenida do Colégio Militar; toma nota que vamos atravessar a Rua Maria Veleda e da pista nada se vê; o mesmo acontecendo logo a seguir na passagem da Rua Adelaide Cabete e logo um pouco mais, sem se saber porquê deixa de haver pista numa pequeníssima distância junta à segunda paragem dos transportes públicos, para recomeçar e desaparecer no atravessamento da Rua Ana de Castro Osório, com entradas e saídas e viragens à esquerda e à direita e ainda mudanças de direcção de uma boa quantidade de veículos; ali está ela na sua cor distinta para logo desaparecer nas superiores da Avenida da Pontinha ou se se preferir no topo norte da Praça Cosme Damião, que não tem culpa de coisa alguma; passados que são uns sigzagues lá encontramos a ciclovia a dirigir-se para Sul, para se interromper na entrada do Parque subterrâneo do CCC, onde encontramos uma boa quantidade de areias e lixo e até água, após a chuva que veio sujar a novíssima pista não demonstrando qualquer respeito pela segurança dos ciclistas, mas ela lá continua até ser abruptamente interrompida nas inferiores laterais da Avenida Lusíada, prosseguindo em curva e contracurva para atravessar a Praça da Revista Militar até ser absorvida pelo Parque da Quinta da Granja…

Durante este percurso não passou um ciclista e uns peões usavam a pista para evitar o ondulado e as pedras soltas do passeio, sendo sempre preferível usar a ciclovia, tanto mais que os seus felizardos destinatários ainda continuam uns mal-agradecidos.

Pois, se a ciclovia fosse construída no outro lado da Avenida do Colégio Militar talvez que…

Contudo o que me parece é que a Cidade tem necessidade de coisas bem mais importantes e prioritárias à espera da iniciativa não só Vereador Sá Fernandes como também de todos os que assumiram responsabilidades pessoais perante os eleitores e onde a relação custo/benefício seria bem mais interessante que a construção de uma ciclovia, cuja utilidade é muito duvidosa.

Sem ofensa e salvo melhor opinião…

13.10.09

Os efeitos eleitorais

Ainda as eleições autárquicas de 2009.

Certamente que todos os partidos políticos concorrentes ou não a estas eleições autárquicas, as empresas de produção de sondagens, diversas instituições e institutos de estudo e de investigação de natureza social, investigadores individuais e colectivos e ainda alguns outros malucos por estas coisas, vão analisar em profundidade e com o cuidado que tudo isto merece os resultados eleitorais.

Todos vão procurar respostas para muitas perguntas e palpites que se fizeram durante a campanha eleitoral e até durante a noite dos comentadores.

Todos vão à busca daquelas pequenas coisas que decidem a veracidade de um palpite ou o fracasso de uma hipótese e até o significado de um resultado que não se esperava e que esteve longe dos preciosos comentários que ouvimos durante a noite dos comentadores.

Todos irão à procura das justificações para os seus pensamentos, para as suas ideias e para as suas hipóteses na esperança de ser possível concordar com todos os partidos políticos concorrentes: todos ganharam, todos subiram e nenhum perdeu.

Mas haverá necessidade de fazer um estudo muito aprofundado e com muita seriedade intelectual e política sobre os resultados de umas quantas mesas de voto da Freguesia de Carnide para que se fiquem a conhecer os efeitos da ciclovia do Vereador cessante e Vereador Eleito Sá Fernandes.

Nós os que vivemos aqui e aqui votamos há muitos anos temos alguma curiosidade em saber claramente os efeitos eleitorais da construção da ciclovia, que vai desde o Parque da Quinta da Granja ou Praça da Revista Militar ou Centro Comercial Colombo até algures no norte de Lisboa…passando pela inutilização da Avenida do Colégio Militar, mas com a plantação de umas quantas árvores que, por acaso, não são choupos.

Todos aqueles que viram construir grande parte da Quinta da Luz e toda a Avenida do Colégio Militar temos alguma curiosidade em saber se a construção da ciclovia na Avenida do Colégio Militar (agora reduzida a uma "avenidita…" foi suficiente para a eleição do Vereador Sá Fernandes ou se significou mais uma traulitada nos cidadãos que aqui deram a cara pelo Partido Socialista como candidatos à Assembleia de Freguesia.

E se ninguém se der ao trabalho de fazer esta análise pois então que a faça o próprio Vereador Sá Fernandes e nos diga se ganhou alguma coisa com a construção desta ciclovia, alguma coisa que valesse a pena para os residentes na Quinta da Luz em Carnide.

Só assim se podem convencer todos aqueles que têm qualquer dose de má vontade para com o Vereador Sá Fernandes e fazer com que reconheçam o serviço feito como se fora sem prejuízo dos residentes…

Por mim, que nunca alterei o meu voto ao sabor da fantasia, da descrença, da desconfiança, da fúria, da vingança, da animosidade, e até da má-fé ou do canto da demagogia, estou confiante que o Vereador Sá Fernandes terá a dignidade de vir a terreiro dizer o que lhe aprouver sobre os efeitos da construção desta ciclovia nos resultados eleitorais da Freguesia de Carnide.

Deve isso, ao menos, a todos os que e apesar disso votaram na lista onde constava o seu nome…

Por mim bastava, mas alguns querem a Avenida do Colégio Militar no seu traçado original…

Serradura molhada

Vou dar apenas duas ou três notas sobre os acontecimentos do último mês, mês e meio.

Em primeiro lugar, declarar-me não culpado nem sequer responsável pela derrota eleitoral do BE e do Louçã, principalmente nas autárquicas, dado que não fiz campanha por este meio.

Depois fazer notar que a asfixia democrática é um fenómeno muito interessante, principalmente para o JPP se entreter a produzir diatribes contra o PS como forma de expelir toda a sua bílis que se vai acumulando naquele corpinho e que não tem outro escape que não seja atirar-se como gato a bofe aos plenipotenciários socialistas.

De seguida fazer notar que continuam imparáveis os camaradas quanto mais não seja por se terem ficado à frente dos contestatários e descontes bloquistas envergonhados por não terem a coragem de votarem onde votavam normalmente como se poderia esperar, uma vez que a memória destas coisas não lá grande importância…

Por outro lado sinto que pelo facto de não ter escrito nada durante a campanha foi razão suficiente para que o Sá Fernandes ganhasse em Lisboa com maioria absoluta, pois se fora o caso, a ciclovia de Carnide teria bem maiores efeitos nefastos para o seu resultado final.

Estou ainda convencido que os votantes no António Costa lá tiveram que engolir uns quantos sapos, nomeadamente aqueles que se apresentam na lista de vereadores, alguns dos quais orgulhosamente eleitos, apesar das suas fortes simpatias pelo PS…

E para fechar esta coisa das eleições, por hoje, reconhecer que lá na minha terra triste as maiorias absolutas ganham-se com almoços, jantares e passeios e fazer crer que as pensões são pagas pela Junta de Freguesia e que os medicamentos o são pela Câmara Municipal… enquanto isso durar, durará a maioria absoluta…

Haja Deus… apesar de a vida ser nossa…

Pela primeira vez, vi e ouvi quase todo o "Prós e Contras".

Sem fazer julgamentos de valor sobre as presenças, sobre as intervenções, sobre a direcção do programa e até sobre as questões colocadas, atrevo-me a dizer apenas que a intervenção do Provedor da RTP foi a única coisa clara e verdadeira que se ouviu.

Tudo o resto foi ruído, como é classificada a porcaria que abunda nos órgãos de comunicação social, produzida pelos jornalistas…

Não sei se repararam que a condutora/moderadora não acertou uma quando se punha a adivinhar ou interpretar o que o Director do Público queria dizer ou dizia…

Pois é… a haver asfixia democrática é na serradura molhada que muito pessoal tem na cabeça por mais importantes que se queiram fazer…