10.2.09

A serradura

Durante o serão de hoje e ao ler num jornal de distribuição gratuita, por sinal são os únicos que eu leio, umas citações do discurso do Louçã, tomei consciência do significado da grande esquerda anunciada, ou melhor, desejada.

Não é que o homem lá atirou a ideia de uma grande esquerda liderada por uma "classe dirigente e motivadora" apoiada por "milhões de trabalhadores"?

Admiro tal força de vontade principalmente aquela proveniente dos milhões de trabalhadores, não entendendo lá muito bem de onde vêm estes milhões de trabalhadores.

A não ser que o Louçã esteja à espera que todos os trabalhadores da Ucrânia e do Norte de África se decidam emigrar para Portugal para dar ao Louçã a grande oportunidade de garantir a "grande esquerda".

Mas não fiquei insensível àquela história da "classe dirigente", tendo ocorrido uma faísca nos meus neurónios alertando-me que aquela expressão já tinha sido pronunciada por alguém em algumas circunstâncias que não identifiquei.

Mas não deixou de me ocorrer que expressões como "classe dirigente", "classe operária", "classe trabalhadora" e outras coisas do género estiveram muito em voga em Portugal a partir de meados da década de sessenta, e principalmente logo após Abril de mil novecentos e setenta e quatro, tendo sido apropriadas pelos "partidos" da "esquerda" mais ou menos revolucionária, precisamente aquela de que tanto se orgulha o Louçã.

Daí que senti-me no direito de postular que essa tal "classe dirigente" só poderia ser o triunvirato dirigente integrado pelo Louçã, pelo Fazenda e pelo Portas, sendo que os milhões de trabalhadores terão que ser importados lá dos orientes…

Só nos faltava mais esta: temos agora não um "educador da classe operária", mas três que querem tomar da única coisa que ainda nos faz recordar o saudoso Arnaldo de Matos…

Muita gente já falou em nome do Povo; uns quantos continuam a falar em nome do Povo, o que continuo a dar de barato, porque pouco me importa que o digam e que o façam.

Contudo, pretender ser a "classe dirigente" apoiada por milhões de trabalhadores passa um tanto ou quanto das marcas e atinge as raias da megalomania, tanto mais que as sondagens só agora lhe dão dois dígitos, não sendo credível nem expectável ultrapassarem os sete dígitos, a não ser que todos os "marcianos" tenham decidido integrar a grande esquerda do referido triunvirato.

É evidente e notório que o grupo do Manuel Alegre não é assim tão grande e nem sequer estarão disponíveis para serem dirigidos por tais "dirigentes"…

Que venha rapidamente o Sol, que esta gente anda com a serradura da cabeça muito molhada…


 


 


 


 


 

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