30.1.09

O Padrão

Durante o serão de ontem tive a oportunidade de passar cerca de vinte minutos a ver e ouvir os intervenientes na quadratura.

Durante aqueles vinte minutos fiquei "banzado" com duas intervenções, uma do Pacheco Pereira e outra do Carlos Andrade, por quem tenho estima e consideração desde há muito tempo.

Fiquei a saber que o Pacheco Pereira construiu uma teoria deveras interessante para justificar algumas das suas intervenções de momento: a teoria do Padrão.

Nunca me passara pela cabeça que o facto de um chumbo de uma qualquer proposta ou projecto que implique aprovações de membros do governo constitui um padrão, cujo significado é, nem mais nem menos, a existência de corrupção.

Muito provavelmente o Pacheco Pereira também não tinha imaginado que a existência de um chumbo de uma determinada proposta tem como significado imediato o primeiro passo para a corrupção, tanto mais que ele sabe que vai haver uma segunda tentativa para fazer aprovar o projecto e de novo a existência de mais um acto de corrupção e assim indefinidamente até à aprovação final e à consequente entrega da guita…

Mas, naquele momento, aquela cabecinha pensadora constatou que dava jeito lançar para a mesa a teoria do Padrão, a partir de juízo pré-determinado sobre os acontecimentos do momento.

Eu sei muito bem que o Pacheco Pereira sabe muito bem que a teoria do padrão não tem qualquer significado, construída que foi daquela maneira, mas como o homem não quer "ser tido por parvo", lá foi construindo a teoria fazendo dos outros nada menos que imbecis chapados, como se todos fossem ignorantes sobre matérias de construção e validação de teorias...

A isto eu chamo "desonestidade intelectual", produto de um intelecto emocionalmente comprometido pelas suas posições políticas que se sobrepõem à sua qualidade de "comentador"…

O que todos já sabemos e o Pacheco Pereira também sabe, é que o seu comportamento e as suas intervenções na dita quadratura configura um padrão de comportamento totalmente contrário a qualquer política do actual governo, independentemente da sua aversão e repulsa pela figura do Primeiro.

Mas contra isso nada podemos fazer pelo Pacheco Pereira a não ser dizer "que se aguente à bronca".

A outra situação tem origem no Carlos Andrade.

Também não me tinha passado pela cabeça que o Carlos Andrade tivesse a ideia de obter uma resposta concreta sobre uma situação hipotética e ainda por cima baseada numa mera suposição: "… e se … tal e tal…diria que… o que é que faria…"

Até parecia que estava perante um comentador ou relator desportivo a apreciar um jogo de futebol atirando para o ar coisas como "se fosse mais uns centímetros para dentro era golo", "se não estivesse ali o poste a bola entrava na baliza", "se o guarda-redes não se atira daquela maneira não chegava à bola", " se o remate fosse com mais intenção era golo pela certa"…

Às vezes, era melhor não sair à rua.


 


 

28.1.09

Jogo sujo

Achei o Professor um tanto tenso e um pouco nervoso quando ontem era entrevistado num canal de televisão.

Mas, como sempre, foi ele mesmo com a clarividência do seu discurso e do seu raciocínio, que deveria ter deixado de boca ao lado muitos dos políticos e comentadores que por aí abundam.

Em toda esta questão com que agora, como há quatro anos, têm vindo a brindar o PM, não houve jornalistas que tivessem expressado com clareza e sem subterfúgios o processo de aprovação do tal decreto-lei que querem fazer crer ser a chave de todos os problemas relacionados com aquela coisa lá da outra banda, mas que, na realidade, pouco ou nada importa para o tal processo.

O Professor veio demonstrar que a grande maioria dos jornalistas que por tudo e por nada "chateiam" o Primeiro pouco entendem e pouco percebem do que realmente aconteceu com o licenciamento daquele espaço comercial.

Mas, diga-se de passagem, que para esses tais pouco importa que o licenciamento tenha sido legal e dado em obediência às normas legais aplicáveis naquele data, porque o que verdadeiramente importa é pisar os calos ao Primeiro, até que ele se declare dorido dos pés, havendo necessidade de descalçar os sapatos.

O que mais me tem impressionado em toda esta situação é ver o descaramento de algumas perguntas que se fazem nos mais diversos e esquistos locais por onde passa o Primeiro no exercício das suas funções.

Já se chegou ao ponto de uma pergunta "tem-se dado ultimamente com a sua família", como se almoçar ou jantar ou tomar o pequeno almoço ou beber uns copos e uns cafés e até umas aguardentes velhas, para não falar daquela bebida lá das ilhas do norte da Europa, fosse coisa de todos os dias, ou de todas as semanas e até de todos os meses…

Gostei de ouvir os esclarecimentos do Professor tanto mais que alguns deles se relacionavam com matérias que eu desconhecia.

Muitos de nós que não temos grandes preocupações com a crise, porque não perdemos as nossas fortunas em jogos de azar muito próprios dos capitalistas com dinheiro, também reconhecemos que nem o Primeiro já ganhou as próximas eleições nem os outros as perderam, pelo que as justificações para o que está a acontecer com o tal "freeport", como aconteceu há cerca de quatro anos, podem ser tidas como jogo sujo, sem qualquer tipo de dignidade pessoal e de ética social…

26.1.09

A nostalgia

Já apresentava uma certa nostalgia devida à ausência dos toques nas letras do teclado da minha máquina, o que se ficou a dever a um irritável contratempo no sistema operativo só resolvido depois de ter falado com 12 (doze) pessoas de diversos serviços da empresa que ficou em quarto lugar no lista das melhores empresas para trabalhar…, segundo notícias de uma revista lá dos "states", pelo que deve haver alguma reserva da sua veracidade…; lembrem-se da crise…

Mas agora que tudo está a funcionar com normalidade até ao próximo episódio, esperando eu que não seja necessário contactar com os robots dos serviços de apoio ao cliente que podem estar "no cu de judas", já não tenho razões que justifiquem a minha ausência, ou melhor, a ausência da minha vontade nestas páginas, que têm pelo menos o mérito de me fazerem sentir que ainda existe capacidade de pensamento…

Dei comigo a matutar que todos e imensos problemas da Faixa de Gaza já estavam resolvidos, uma vez que a imprensa portuguesa, a escrita e a falada e até a "pensada", não abordava o assunto há já algum tempo.

Certamente que não havia matéria suficientemente importante e relevante a acontecer no Médio Oriente a merecer a atenção da nossa imprensa, sempre atenta ao que vai acontecendo pelo mundo fora e seus arredores.

Comecei a ficar preocupado por tal situação e nem queria acreditar que aquele pessoal já tinha celebrado o cessar-fogo, já tinha reconstruído tudo o que foi destruído, já toda a gente comia e trabalhava (?) com normalidade e que as bombas, os aviões, os tanques, os helicópteros já não faziam barulho e tudo e todos gozavam da paz, do descanso e da tranquilidade…

Se a nossa imprensa e os nossos jornalistas não dedicavam tempo que se sentisse ao que se passava lá no Médio Oriente, mais precisamente em Israel e em Gaza era, com certeza absoluta, devido ao facto simples e corriqueiro de ali já nada acontecer com poder significativo para ser "notícia". Isto é, parece que as mortes ali verificadas já não eram um número suficiente para merecerem a atenção da imprensa portuguesa.

Mas de repente lembrei-me que em Portugal tinham ocorrido três acontecimentos aos quais era dedicado todo o tempo e espaço disponível nos nossos órgãos de "informação", falada, escrita e audiovisual, a saber, por ordem crescente de importância e de contributo para a resolução da crise nacional:

  • A "gafe" do novo Presidente dos USA na sua tomada de posse;
  • A chuva, a neve, o frio e as desgraças nas estradas cá do burgo;
  • O caso "freeport" e o envolvimento do nosso Primeiro.

Entendi tudo…


 


 


 

Passo

Passou-se o Natal e tudo o mais que o acompanhava.

Passou-se o fim do ano e chegou o Ano Novo e tudo mais que o acompanhava.

Vieram os Reis (Magos) e também o respectivo bolo, que agora é de sempre.

Veio o dia oito e aí as pessoas não notaram muito, porque a pagar renda de casa, daquelas que fazem moça no bolso, não haverá muita gente que não o possa fazer com à vontade.

Veio também, com certeza, o dia da prestação da casa enviada pelo banco e aí muita gente terá notado que a diferença pouco ou nada se via, apesar da queda drástica das taxas de juro…

Depois das festas o pessoal deverá ter notado que a crise também veio e parece que é para ir ficando, cada vez mais vincada principalmente para todos aqueles que vão perdendo o seu emprego (posto de trabalho?)…

Também vão chegando as informações de tantos milhões a circular por aí, sendo que não toca nada cá ao pessoal…


 

E continuam as perguntas dos tolos e dos pacóvios:

Como foi isto possível?

Onde andavam os economistas?

Onde estavam os capitalistas?

Que faziam os empresários?

Que esperavam os governos dos países mais ricos do Mundo?

E os governos dos remediados?

E os governos dos pobres?


 

Chegámos ao ponto de ter pena do Joe Berardo porque está á beira da falência por não ter capacidade de pagar aos bancos que lhe emprestaram dinheiro para jogar no bcp…

Vamos continuar a ouvir muitas mais lamentações pelas desgraças de uns tantos capitalistas, não havendo quem se lembre dos tempos das grandezas e das vacas loucas…


 

Agora o que podemos afirmar é que grande parte do pessoal não irá à falência porque nunca jogou os jogos de fortuna e azar como é o jogo da bolsa; quando muito vamos lamentar que vá perder o seu empreguito, que lhe dava uns euros no fim do mês…


 

Já me esquecia!!!


 

Já chegou, outra vez, o freeport… não fora ano de eleições…