19.6.08

O quid

Agora e daqui lanço o meu desafio a todos aqueles que se aproveitaram das circunstâncias para se fazerem ouvir em tudo o que era rádio e em tudo o que era televisão e em tudo o que era jornal, botando faladura a regabofe sobre "a vontade de vencer" tecendo as mais anacrónicas considerações a propósito das capacidades nacionais no chuto na bola.

E nem sequer será preciso muita "vontade de vencer" para apresentar umas quantas ideias para justificar o que se passou durante estes trinta e poucos dias que durou esta maluqueira nacional.

Compare-se o discurso dos "grandes e ilustres" comentadores no antes e no durante e no depois para se constatar a volatilidade do que se possa dizer a propósito deste fenómeno sociológico que dá pelo nome de "futebol", jogado com onze de cada lado, mais três supostamente neutrais para aplicar as regras simples e complexas ao mesmo tempo, dado que permitem tudo e mais alguma interpretação.

Compare-se o discurso chauvinista da grande maioria dos jornalistas e comentadores desportivos e digam agora que tudo não passou de uma perda de tempo à conquista das audiências à custa da idiotice cada vez maior a cada dia que passava.

Agora vamos lá a ver quem tem a culpa desta "tragédia nacional", porque esta desgraça não pode ser atribuída ao "Zé Povinho" que tanto gritou pela selecção e se mais não fez foi porque não disponibilizaram mais bilhetes e não permitiram que os jogadores se mostrassem aos adeptos que passavam horas a fio para os ver nem que fosse a mais de cem metros de distância…

O "Povo" cumpriu, mas importa agora que nos digam se era mais importante o 4x3x3, se o 3x3x3x1, se o 4x2x2x2, se o 3x2x1x3x1, se o raio que os parta como para querer aplicar a ciência ao futebol, quando aquela coisa não obedece a qualquer lei de probabilidades…

A ver vamos…

A ver vamos se aparece por aí alguém, ligado ao mundo do futebol e com reais responsabilidades no seu desenvolvimento, que nos diga alguma coisa de sério e de honesto para que tudo fique reduzido à sua expressão mais simples, sem demagogias de qualquer espécie: Somos bons, mas falta-nos o "quid" sem o qual não se é campeão seja do que for…

Mas já começaram… pois já ouvi que "não vale a pena chorar sobre o leite derramado"…

Desde que o leite não seja de quem chora…


 

17.6.08

E vai mais um

Isto está cada vez pior: já não nos chegava o roubo descarado proveniente do aumento dos impostos; a pouca vergonha do aumento dos combustíveis; a candura malvada da substituição do custo do aluguer dos contadores da água, do gás, da electricidade por umas figuras de estilo inventadas por gente inteligente…

Agora o roubo ainda é mais sofisticado: porque existem uns quantos que, por hábito de não pagar o que devem ou porque não podem, vamos todos dar uma ajuda para que os capitalistas, digo, accionistas da EDP não fiquem privados dos seus dividendos anuais, que se traduz no pagamento de uma parte, ínfima, diga-se de passagem, das dívidas dos outros.

Vamos lá então pagar os que pagamos por aqueles que não pagam, porque não podemos deixar que a EDP tenha os próximos exercícios com menos lucros do que os anteriores de modo a evitar uma má imagem que esta empresa poderia apresentar no mercado das energias e isso, nós, os que já pagamos, não podemos deixar acontecer.

Sejamos justos: trata-se da mais pura da solidariedade para com todos aqueles que não pagam, mas principalmente pela empresa que nos fornece a energia indispensável à nossa qualidade de vida, qualidade de vida merecida por aqueles que pagam e por aqueles que não pagam e que não pode ser vivida à custa da nossa muito querida e estimada EDP…

O que mais me admira, ainda (?), no meio disto tudo é que a entidade reguladora concorda com o processo e que o Governo aceite a concordância desta tal entidade reguladora, que se diz independente ou que se quer independente.

Estamos habituados a sermos roubados continuamente, mas este processo não lembrava ao diabo porque brada aos céus, que não nos escutam…

Estamos feitos num oito, porque ladrões e gatunos protegidos por lei ou por despachos ou por ausência de lei ou por ausência de despachos andam por aí a torto e a direito a fazer das suas e nem as entidades reguladoras ou travam.

Contra os carteiristas, contra os assaltantes de atm e de bancos e de bombas de gasolina e de residências e de tudo e mais alguma coisa ainda vamos tendo as várias polícias que fazem o que podem para proteger o cidadão contra todos estes malfeitores.

Mas quem nos protege desta cambada de ladrões e de gatunos que, a coberto da lei, nos assaltam a carteira desta maneira miserável????????

Já não se trata do "direito à indignação"…

Trata-se do "direito à revolução"… nem que seja através de mandar para as urtigas esta gente que faz ou que permite que se façam roubos destes.

Mas todos e agora, mas também pode ser depois, desde que seja breve… por muito que me custe e saiba que os outros são feitos da mesma porcaria…

5.6.08

O meio cêntimo

Disseram-me agora mesmo ali do lado que a galp acaba de baixar os preços da gasolina e do gasóleo em 0,005 euros!!! !!! !!!

Se alguém souber ler o número escrito na linha anterior, devem presumir que tenho os conhecimentos suficientes para dizer que se trata de "cinco milésimas de euro, por acaso uma coisa que não existe, a não ser nos arredondamentos bancários e das gasolineiras, por acaso também aquelas entidades que apresentam mais milhões de euros de lucros no universo das empresas portuguesas.

Agora digam lá que a galp não é amiga dos portugueses, quer sejam simples consumidores quer tenham a "qualidade" de pescadores, de taxistas, de camionistas e até de carpinteiros de toscos para apanharem as madeiras lá mesmo no fundo das florestas…

Agora pensem lá quantas horas vão demorar os outros operadores do mercado dos combustíveis em baixar os preços dos ditos…

Agora cogitem lá quantas horas de diálogo e de negociações não foram necessárias para que a galp pudesse abdicar deste meio cêntimo e facilitar a vida a todos os automobilistas que já estavam conformados em viajar durante o fim-de-semana e muito provavelmente durante toda a semana, tendo presente os feriados de dez e de treze apesar da exorbitância dos preços praticados…

Agora digam lá se não vale a pena haver paciência e compreensão para com estas empresas que sacrificaram uns milhões de lucros para que o pessoal possa pegar no carrinho e ir dar umas voltinhas, porque agora o preço está hoje muito mais acessível que ontem…

Pela minha parte não deixarei nem de sair nem de atestar o depósito na primeira bomba da galp que encontrar pelo caminho…

Nunca me esquecerei do que representa para a consciência moral da Nação este gesto da galp…

Segundo uma notícia de rodapé das televisões, o preço do petróleo estava hoje na ordem dos 122 dólares o barril, que tem cerca de 208 litros (?), muito acima da cotação praticada no dia 5 de Junho de 1948… …

4.6.08

A liberdade

O Poeta anda a descer na consideração dos portugueses: nas presidenciais foi o que se viu com um mar de votos a afagar-lhe o ego; depois seguiu-se o tal movimento de reflexão onde os largos milhares de converteram nuns quantos apenas e agora aparece o comício no Teatro da Trindade "reservado" às "esquerdas" revolucionárias, mas integralmente burguesas para gáudio do PCP, que não foi convidado…

Pois então: nós já deveríamos saber que a crista da onda é uma autêntica tentação não só para os surfistas como também para todos aqueles que lutam com todas as suas armas para resistirem ao esquecimento.

Para resistirem a um esquecimento totalmente injusto, pois que são democratas e mesmo antes de serem democratas em democracia já eram democratas em ditadura de tal modo que sofreram as agruras da prisão e do exílio, mesmo que este fosse bem melhor que os tiros e suas consequências…

Uma coisa é certa: nós nunca devemos esquecer os filhos dilectos que foram o orgulho da Nação nas horas das dificuldades para toda a burguesia, alta, média e baixa dos anos sessenta e setenta, que tinha a possibilidade, não, antes a dignidade de sacrificar a sua vida a favor das liberdades, nem que isso passasse por trocar o incerto da aventura à certeza do sangue, suor e lágrimas…

É fácil falar dos pobres, da pobreza, da porcaria e da miséria; é fácil levar a mão ao peito e "chorar" pelos que sofrem; mais fácil ainda é bradar bem alto que se esteve preso e que é preciso levantar a voz em nome dos oprimidos pela avareza do capital, dos capitalismos e de mais uns quantos ismos que por aí abundam…, principalmente quando se tem mesa farta, carteira ou conta bancária devidamente recheada, cama e roupa lavada e uma tribuna para mandar uns quantos bitaites, como se o argumento da "autoridade moral" permitisse a prática de um qualquer desmando…

Sempre me disseram que a liberdade é não ter dependência nem compromissos com quem quer que seja, seja pessoa individual ou colectiva…e só existe em páginas em branco, na água cristalina e corrente e nos limites e fronteiras das liberdades dos outros…

Estou totalmente convencido que a liberdade se opõe à conotação, pelo que um "homem livre" não pode ser conotado…

3.6.08

O relatório

Parece que os senhores deputados ficaram muito admirados por o relatório da entidade reguladora do não sei quantos veio a dizer que não havia cartelização na formação dos preços dos combustíveis e que a galp não abusava da sua posição dominante no mercado…

Não sei o que é que os senhores deputados estavam à espera ou até que o Governo e ministros aguardavam do relatório pedido com tanto entusiasmo que não fosse o que o relatório veio, por fim, a dizer: que em Portugal está tudo bem no que diz respeito ao preço dos combustíveis.

Claro que não compete à tal autoridade dizer o que está mal no que diz respeito ao preço dos combustíveis porque isso seria invadir as competências e outras entidades e a sua vocação ou missão não é propriamente meter-se onde não é chamada.

Dado que a autoridade disse nada mais resta que acreditar que as empresas petrolíferas não combinam coisa alguma para determinar o aumento dos preços dos combustíveis por não necessidade de dialogar sobre tal matéria nem sequer gastar um tusto para combinar seja o que for.

Basta que a que tem a posição dominante aumentar os preços para que as outras duas sigam a orientação umas horas depois… tudo simples, tudo legal, porque estas empresas prestam um elevado serviço à Pátria, para que possam ser enxovalhadas pelos ignorantes destas coisas do preço dos combustíveis…, que tiveram a ousadia de pensar que a lei não estava a ser cumprida…

De facto existe alguma lei que obrigue ganhar só um (1) cêntimo, quando se pode ganhar dez (10)?

Já disse numa crónica anterior que um dia estaríamos por aí a louvar e a agradecer o papel destas empresas petrolíferas na salvação da Pátria Lusitana e que chegaria um dia da necessidade de um peditório para salvar a honra do petróleo…

Cada vez estou mais convencido que esse dia já não está longe, mas eu continuo com a mesma pergunta ao inverso: porque é que o preço do petróleo baixa cinco e o preço dos combustíveis baixa 0?

Para terminar, um aparte: já ouviram algum comentário do Alberto João ao preço dos combustíveis…?


 

A caneta

Eu gosto muito da caneta do José Rodrigues dos Santos.

Tu gostas muito da caneta do José Rodrigues dos Santos?

Ele gosta muito da caneta do José Rodrigues dos Santos?

Nós gostamos muito da caneta do José Rodrigues dos Santos (!) ?

Vós gostais muito da caneta do José Rodrigues dos Santos?

Eles gostam muito da caneta do José Rodrigues dos Santos?

Mas, apesar de todos os habitantes do universo gostarem muito da caneta do José Rodrigues dos Santos, no que a mim diz respeito, já ando a ficar farto de ver o homem a apontar-me a caneta como que preparado para disparar à James Bond…

De modo que, atrevo-me a pedir ao homem que meta a caneta onde lhe aprouver e poupe-nos a umas ameaças que não são o seu estilo, tanto mais que estamos todos convencidos que não ganha nada em fazer publicidade à marca da caneta…

Por outro lado, se não sabe onde colocar as mãos, quando desprovidas da caneta, então que as meta nos bolsos, pois aí já poderiam ter alguma utilidade, quanto mais não fosse, porque estaríamos poupados a sermos alvejados com os disparos da sua caneta…

Se tudo isso for totalmente impossível e o José Rodrigues dos Santos já esteja possuído de um reflexo condicionado de segurar numa caneta enquanto debita o teleponto, então que mude de caneta e de marca, que esta já é do nosso inteiro conhecimento…