Seriam cerca das dez horas e cinquenta minutos, quando atravessava o CCC para apanhar o Metropolitano.
Estranhei haver tanta gente nova a passear com as suas mochilas às costas, todos e todas lampeiros e lampeiras como se fora um dia de fim-de-semana com um prémio para quem se dignasse visitar aquele centro comercial e àquela hora.
Lá fui andando até à máquina para tirar o bilhete de ida e volta e muito mais gente vinha a sair dos túneis do transporte público mais utilizado.
Não duvidei nem sequer me passou pela cabeça que o pessoal tinha definitivamente aderido ao transporte público para as deslocações entre qualquer ponto da cidade.
Não pensei, uma vez sequer, que estaria em presença de um fenómeno muito estranho para uma sexta-feira na cidade de Lisboa… e pela manhã, porque se fosse ao fim da tarde poderia imaginar que aquela gente toda tinha decidido passar duas ou três horas fantásticas no fantástico do CCC…
Sem imaginar o que se passava lá segui o meu caminho e em todas as estações lá via gente nova na passeata…
Continuei… porque tinha o destino traçado que se relacionava com um bom almoço, coisa que não dispenso, tanto mais quando se sabe de antemão tratar-se de coisa boa…
Cheguei, bebi um copo de água, e comentei que tinha visto muita gente nova em ares de passeio na manhã de uma sexta-feira…
É a greve!!!
É a greve!!!
Pois… era a greve, que eu não tinha notado, tão só porque não fui a qualquer repartição pública para tratar de um assunto, não tive necessidade (ainda bem) de ir a um hospital ou centro de saúde e não tinha filhos ou netos numa escola pública…
Lá para o fim do dia ouvia sindicalistas a falarem do êxito retumbante da jornada de luta dos funcionários públicos, que tinha havido um cartão vermelho ao Governo, que a greve não se tinha feito sentir para além do normal, que isto e mais que aquilo, que a produtividade, que a segurança no emprego (não será no trabalho) que nunca mais será da mesma maneira, que há dinheiro, que não há dinheiro, que as reformas, que eu fiz, que tu aconteceste…
O Cavaco, quando primeiro, chateou-se e foi-se embora, o Guterres, quando primeiro, chateou-se foi-se embora, o Durão, quando primeiro, aproveitou foi-se embora, veio o Santana a pensar que resolvia tudo e foi corrido e agora…
O D. Sebastião ainda não apareceu… ou será que encarnou…?
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