30.4.07

Passagens Administrativas

Decerto terão notado que deixei de lado o magno problema das habilitações académicas do nosso Primeiro e as confusões verificadas na Universidade Independente.

Não valia a pena abordar o tema na sua especificidade, uma vez que deixaria de lado um elevadíssimo número de situações de outras universidades privadas e públicas e cooperativas relacionadas com as habilitações académicas de muitos dos nossos políticos e inteligentes que hoje cantam do alto do poleiro.

Não valia a pena perder tempo com estas coisas que encantam jornalistas, satisfeitíssimos por terem matéria suficientemente atractiva para venderem uns quantos jornais ou terem mais uns quantos milhares de audiência.

Mas… e os outros?

Gostaria muito que esses jornalistas, que se envolveram nesta matéria, dedicando grande parte do seu tempo a este tema, investigassem com muito cuidado as passagens administrativas em cursos superiores e que fizeram de muitos estudantes de então os licenciados e doutores de agora. Ai, se contassem esta história…

Não é importante para a felicidade do pessoal nem para o aumento do custo de vida nem sequer para a redução de impostos: foi importante apenas para uns quantos aparecerem na televisão a mandarem umas bocas e a malhar em quem lhes apeteceu.

Já agora uma nota:

 

Enquanto essas tais universidades denominadas de “privadas” foram cooperativas, os problemas eram reduzidos e não houve escândalo de maior.

Mas no processo de passagem de cooperativas para as tais sociedades e fundações foi o que se viu e o que se vê…

Lembram-se do processo da TSF?

Lembram-se do processo da FNAC?

 

Trinta e nove anos

Abandonei o almoço de comemoração do trigésimo nono aniversário da chegada a Lisboa do batalhão de cavalaria mil oitocentos e sessenta e oito vindo das campanhas angolanas para chegar a tempo e a horas de me sentar no meu lugar cativo para assistir cómoda e pacatamente ao encontro dos franganotes da segunda circular.

Em má hora o fiz, porque podia continuar a recordar tantas coisas daqueles vinte e oito meses, tão malucos e tão doidos, pois, para além de não me deixarem ver o jogo como gente normal, não presenciei nada de especial a não ser a grande novidade de a própria águia do Barnabé, desta vez, ter aterrado na relva, pelo que não acertou no poleiro, coisa nunca vista…

O resto… toda a gente viu e sabe que uns podiam ter ganho, outros poderiam ter perdido, se cada um dos jogadores estivesse preparado para jogar noventa minutos a séria e não como os “solteiros e os casados” de antigamente…

Depois querem que o pessoal encha os estádios onde se joga a bola ao faz de conta…

Mas o almoço, que teve lugar ali para os lados do Entroncamento, foi um encanto: já não via alguns dos presentes há mais de trinta e nove anos; já não recordava a cara de alguns camaradas com quem passei cerca de vinte e oito meses lá nos “cus de judas”, lá no noroeste de Angola, lá entre Ambrizete, São Salvador e Santo António do Zaire (desculpem lá os nomes, mas é assim que os recordamos) já não me lembrava de muitos nomes daqueles rapazes, feitos pais e avós…

Mas tudo isto foi desculpado, porque a vida de cada espalhou-se por esse mundo fora e cada um teve a sua conta, para além daquela que lhe ofereceram naquele fim do mundo, onde houve de tudo: suor, fome, sede, sono, medo, sangue, consciência, inconsciência, água, vinho, cerveja, batatas, bacalhau, bifes do lombo, da alcatra, do pujadouro e não sei se até de cornos da bicharada…

Foi rir a bandeiras despregadas, agora que falar alto já não prejudicava ninguém…

Foi nestas circunstâncias que se fizeram amigos para a eternidade.

Tivemos tempo para fazer votos de novo encontro para o próximo ano com a presença de todos, pois se não ficámos lá, que custa ir a Estremoz?

 

 

22.4.07

Penhoras

Quem não dominar a técnica e a táctica destas coisas dos computadores e da Internet, sempre terá algumas dificuldades em encontrar o que quer, principalmente depois de ter iniciado tudo na sua máquina após o carregamento do sistema operativo…

Deveria ser fácil, mas não é e disso tenho a devida experiência: aparecem sempre pequenas coisas, pequenos problemas, que mudaram e que não controlamos devidamente.

Não querem lá saber que não encontrava o “Ainda Não Jantei” ? !

Pois é verdade, mas depois de muito pesquisar, de quase ter desistido, lá se abriu uma porta e lá me sentei.

Não para jantar, porque já fora, mas para experimentar e ver se ainda tinha autorização para escrever qualquer coisa.

Apenas estas linhas para me certificar e para dizer que a vida continua, mas agora com uns milhões mais nos cofres do Estado, devido à penhora de automóveis topo de gama a uns quantos pobrezinhos…

2.4.07

Tensão arterial

Ando a pensar seriamente em fazer o que fazem os jogadores compulsivos: solicitar por escrito que sejam proibidos de entrar nos casinos e demais salas de jogo, mesmo clandestinas, que por aí devem abundar…

Contudo, no meu caso não se tratar de me proibir de entrar em casinos, que já não entro, mas em limitar-me a leitura de jornais noticiosos, ver e ouvir programas informativos de televisão e noticiários de rádio…

Não posso irritar-me, porque a irritação provoca-me a subida da tensão arterial e eu não posso ter a tensão arterial alta, mas sim baixa quanto baste; não posso “stressar-me” porque o “stress” causa-me subida na tensão arterial e eu não posso ter a tensão arterial alta, mas sim baixa quanto baste; não posso entrar em órbita porque as voltas a qualquer coisa têm efeitos perversos na minha tensão arterial e eu não posso ter a tensão arterial alta, mas sim baixa quanto baste.

De modo que não devo ler ou ouvir notícias, que me causam um mal-estar tramado, principalmente um nervoso miudinho que não me dá descanso e eu preciso de descansar a bem da minha tensão arterial, que não propriamente a bem dos meus batimentos cardíacos…, apesar de o meu cardiologista me aconselhar a ter cuidado com essas coisas dos batimentos elevados se não quero passar as noites em claro e a pensar nas urgências de Santa Maria…

Não pensem que estou a brincar com o fogo, pois estou a falar a sério.

Decididamente não tenho feitio para aceitar com a maior das calmas as leituras de notícias, como a que surgiu este fim-de-semana: um tal gestor, com certeza que muito bom, foi nomeado pelo Governo para uma grande empresa “pública”, depois foi despedido (?), depois foi indemnizado com quinhentos mil euros, depois foi trabalhar para o gabinete de um ministro a ganhar uns milhares (?) durante um ano e depois esse mesmo ministro nomeia esse tal gestor gestor de uma grande empresa pública (?) a ganhar certamente uns bons milhares…

Se fosse só este caso, ainda vá lá, que o diabo perdoaria…, mas estamos recordados que na semana anterior não foi um, mas mais do que um e uns quantos milhões…

Depois o pessoal anda preocupado com o ordenado do director-geral dos impostos e com o número de “Especialistas” a trabalharem nos gabinetes de ministros e de secretários de Estado e de…