9.5.25

A Lição

 Afinal o mentor supremo trocou as vontades ao emperador: nada contra ser americano, mas o menos desejado de todos os possíveis.
Não será muito acertado dizer, mas saiu-lhe o tiro pela culatra, uma vez que o emperador estava convencido que podia determinar ou fixar tarifas a propósito de uma eleição.
Estava enganado, pois nem sempre se consegue o que se quer e muito menos quando se trata de coisas que não são deste mundo e que não se sustentam de aldrabices, de mentiras, de falsidades, de interesses mesquinhos e de tudo o que cheira a porcaria e a podridão.
A lição está dada, mas duvido que tenha sido aceite, pelo que suspeito que alguma coisa má venha a acontecer nos próximos tempos sendo quase certo que as vítimas serão sempre os mesmos: os pobres e os desamparados, isto é, os escravos do emperador... 

 

8.5.25

HABEMUS...

 Umas horas antes do fumo branco a sair daquela castiça chaminé não queria acreditar que o espírito divino se deixava enganar e influenciar pelas casas de apostas, pelas redes sociais e por alguns comentadores portugueses deslocados em roma: havia favoritos alguns dos quais até já levavam para o conclave uma boa quantidade de votos garantidos para a respetiva eleição.
Contudo, esta ideia estava a ser contestada por aquela máxima algumas vezes repetida: quem entra papa no conclave sai de lá cardeal...
Entretanto tive conhecimento de que lá para o lado do mar atlântico o emperador estava atento ao acontecimento e vai daí ligou para o máximo mentor dos eleitores e disse-lhe que estava atento aos cozinhados das casas das apostas, das redes sociais e de alguns comentadores portugueses e  que não podia ficar calado pelo que o avisava que a coisa esperada pendia para o lado das américas...
Tratava-se de um aviso muito sério uma vez que já estava preparada uma ordem executiva que ia fazer muita moça no universo e arredores...
Passadas que foram uma horas, durante as quais o mundo tremeu, foi anunciado a eleito e todos os presentes e ausentes e todos os restantes ficaram contentes e satisfeitos, porque a paz imediata foi garantida... e a ordem executiva atirada para o caixote do lixo...
As expetativas são muitas... que todas sejam satisfeitas!!!

1.5.25

A voz

 Por mais anos que viva nesta terra e neste universo e depois em todos os universos paralelos jamais me perdoarei a minha ausência no espetáculo espetacular do concerto que era ser do vinte e cinco de abril e foi do dia um de maio ocorrido nos jardins da residência oficial do primeiro.
Na realidade todas as minhas lamentações e todas as minhas desgraças por me ter esquecido de pelo menos ter a televisão ligada para ver e ouvir o dito concerto não são por ter desperdiçado o concerto do toni.
Bem vistas as coisas a minha desgraça jamais será compensada por semelhante ocorrência ao não acreditar que será possível apresentar-se a Portugal, ao Mundo e ao Universo e a todas as estrelas e galáxias e ainda a todos os seus arredores a nova e novíssima voz de Portugal: A VOZ DO PRIMEIRO!!!!!!!!!!! 
Dizem-me que nunca se viu e ouviu tal o deslumbramento do evento, pois nem um sequer dos presentes ficou sem uma lágrima ao canto do olho e um rosto do tamanho e com o encanto do firmamento...
Foi um momento como nunca se viu ao cimo da terra tal a potência daquele vozeirão que se ouviu muito para além da outra banda de tal modo que muitos passeantes sem nada para fazer a não ser passear se perguntaram o que raio estará a acontecer lá para os lados da capital!!!! 
Ninguém se atreveu a acreditar no que se ouvia dizer ser o  possuidor daquela bela voz que embalava o céu e terra e deixava o exército celestial um tanto ou quanto zangado porque nem o pedro, o paulo e todos os apóstolos e santas e santos e de mais corte do outro mundo mostravam esta maravilha...
Era a voz da nação que se atreveu a destronar a voz da terra...
Só me resta fazer penitência para o resto da minha vida tendo presente que os eventos desta natureza não duram mais que uma fração de segundo pelo que não se pode perder a oportunidade de estar presente num acontecimento que não se vai repetir nos tempos mais próximos...
E dizem que as piadas são apanágio só dos cómicos...
 

29.4.25

A luz

 Sou tentado a admitir, dado o período político que se vive quando tudo é aproveitado para um tempinho de propaganda eleitoral, que estou totalmente contra a vã glória de um qualquer ministro em fazer comparações entre a espanha, o chile e a itália na solução dos respetivos acontecimentos que puseram às escuras aqueles países.
Comparar a dimensão dos problemas causados pelos apagões verificados ontem em portugal e espanha com os apagões pretéritos no chile e  na itália é um exercício que a ética e a pouca vergonha deveriam proibir...
Parece que se pretende ignorar a dimensão territorial do chile, a dimensão populacional e territorial da itália e da espanha com o território e a população de portugal, como que acusando e denegrindo países  por terem demorado mais tempo que portugal para solucionar o problema.
Até a espanha que teve a ajuda da frança e de marrocos demorou mais tempo que portugal a dar luz ao território nacional continental atuando sem ajudas do exterior, mas com o apoio, a intervenção, o denodo, o interesse e fundamental e principalmente o envolvimento do conselho de ministros sempre reunido enquanto os portugueses aguardavam pela eletricidade esperada durante mais de dez horas.
Não restam dúvidas que não fora a boa vontade dos nossos governantes talvez a esta hora ainda estivéssemos esperando pela boa chegada da energia aos sítios e locais mais recônditos desta terra sagrada, que tão dignos representantes alberga.
Já começo a duvidar de virmos a ter conhecimento das causas do apagão ibérico, mas já temos a certeza de sozinhos sermos capazes de enfrentar qualquer problema do género sem ajudas e somente com as nossas capacidades bem mais depressa  do que os nossos vizinhos...
Começo a ouvir por aí umas vozes críticas sobre o tempo, a demora e o processo envolvido no trabalho a dar luz aos portugueses em tempo razoável.
Segundo dizem a existência de mais centrais de produção de eletricidade com capacidade de proceder ao arranque do sistema poderia  diminuir em grande parte o tempo de capacitar a rede para um abastecimento normal dos consumidores.
Dizem que mais duas centrais já era muito bom e até foram apontadas as barragens do baixo sabor e do alqueva a que se poderia juntar uma terceira para que o sistema respondesse com eficácia e rapidez por todos desejada.
Só que isto custa guita...
Coisa que não há que chegue para as encomendas...
Em vez do auto elogio e do palavreado inócuo...
 

 

25.4.25

A tese

 Se a memória me não falha, o que vai sendo habitual, foi a primeira sessão das comemorações do vinte e cinco de abril de mil novecentos e setenta e quatro a que assisti na totalidade, ouvindo e vendo todos os discursos mais as espetaculares intervenções dos jornalistas comentadores.
Não fora o extraordinário e brutal discurso do presidente, diria que a coisa decorreu mais ou menos como\ esperava, pensando, contudo, que valeu a pena ouvir e ver o circo do deputado centrista, do deputado liberal e claro está da sempre espetacular intervenção do chegado com as suas verdades verdadeiras salvo as mentiras, aldrabices e tudo o mais que se queira dele dizer.  
Mas o grande momento da sessão foi, sem dúvida alguma e com a certeza absoluta de acertar e de não me enganar, o discurso do presidente. 
Quem se atreveu a pensar que esperava uma intervenção centrada na política nacional com algumas abordagens à internacional ficou totalmente dececionado, pois acertou muito longe da mouche de um alvo a muitos quilómetros ao lado e à distância.
Estou mesmo a ver que haverá uma boa maioria de estudantes de filosofia e de sociologia que ficaram deliciados com o discurso do presidente porque tiveram a oportunidade de absorver umas quantas ideias para as suas teses de doutoramento: O PAPA FRANCISCO E O 25 DE ABRIL.
E digam-me lá se o tema não é altamente sugestivo e altamente dignificante para todos aqueles que não se importam de abordar temas e assuntos difíceis mas muito compensadores pelos esforços que são necessários envolver para que a tese seja merecedora de um "Suma cum laude".
Nem todos concordam com o tema do discurso do presidente mas devemos ter em conta que se trata de um momento político altamente sensível para todos os que acreditam que a democracia por mais vigorosa que seja pode correr os seus riscos, que o presidente quer evitar a todo o custo. 
Entre ser acusado de pretender favorecer alguma tendência política com a qual está comprometido falando dos problemas ligeiros, graves e gravíssimos com os quais o povo se enfrenta por exclusiva responsabilidade de governos anteriores ou até pronunciar-se antecipadamente sobre o que pensa fazer logo após o ato eleitoral no que concerne à formação do governo ou optar por causar a mais profunda estranheza sobre o tema escolhido, ninguém tem dúvidas que acertou totalmente no alvo quando trouxe o Papa Francisco para o 25 de Abril.
Uma jogada de mestre que vai ser lembrada e comentada durante algum tempo por jornalistas, comentadores, analistas, politólogos, especialistas de tudo de mais alguma coisa  tão só porque o tema não tem fim e é atual e sugestivo para muito boa gente e tanto mais valioso por inesperado que foi
Nem o diabo se lembrava...
 
 

 

13.3.25

Dos fundos

 O presidente falou e disse/decretou que as eleições legislativas antecipadas seriam realizadas no dia dezoito de maio de dois e vinte e cinco.

Mas antes deste anúncio perdeu uns bons minutos a calendarizar todos os acontecimentos até ao final do dia de ontem, como se todos nós não soubéssemos o que tinha acontecido.

Bem vistas as coisas o presidente demonstrou que passou ao lado da crise instalada unicamente e exclusivamente por sua responsabilidade ao não ser capaz de fazer qualquer intervenção no sentido de não permitir o desenvolvimento da crise  e assim evitar as suas graves consequências.

Ao fim e ao cabo o que se pode entender é que o poresidente não teve qualquer poder para meter-se à conversa com o primeiro e tentar o que ninguém podia tentar: influenciar o primeiro no sentido da estabilidade governativa em detrimento da posição pessoal e teimosa sobre o seu comportamento.

Se o presidente não podia ter qualquer papel  de intervenção a bem da solução final fica claro que o primeiro nunca ligou, não liga e não ligará absolutamente nada ao presidente como se este não passasse de um verbo de encher chouriços, o que já tinha ficado demonstrada por uma variedades de atitudes ocorridas nos parcos meses do reinado do primeiro.

No meu modesto  entendimento e sem pretender justificar a ausência do presidente e a sua incapacidade de suster a crise e dar um outro caminho à política nacional o facto é que o presidente começou a ser colocado de lado e à margem dos problemas e das soluções quando se viu envolvido na política caseira por obra e graça de um seu familiar.

A partir daí as selfies, os beijos e os abraços e as faladuras a propósito e a despropósito perderam fôlego que culminou na total inoperância e incapacidade de desempenhar o papel que lhe competia na solução desta tragédia política, que não vai dar qualquer solução de estabilidade governativa após as eleições legislativas antecipadas...

Eu sempre desejei que o presidente saísse pela porta grande quando terminasse o seu segundo mandato, mas a realidade vai ser outra e a porta será, certamente, a dos fundos...

 

12.3.25

O descanso

 Está feito: vamos ter novas eleições legislativas antecipadas.

Assim o quiseram os intervenientes mui dignos representantes do povo com assento na assembleia da república, a contragosto de alguns pois não sabem ainda se vão lá voltar ou se vão ficar de fora, o que não deixa de ser uma valente chatice.

Mas a vida é assim e não vale a pena carpir as respetivas mágoas, pois de nada serve atirar as culpas para o tipo do lado, esquecendo que quem podia ter evitado  a tragédia ficou calado todo este tempo, quando bem podia ter feito alguma coisa  para servir dignamente o pessoal.

Dá a impressão que se esgotaram as selfies, os beijos, os abraços, as declarações a propósito de tudo e de alguma coisa como se fosse sua obrigação pronunciar-se a toda a hora sobre tudo e sobre nada, nada dizendo que fosse de interesse geral.

Podia ter guardado nem que fosse uma pequena reserva para aplicar num momento de crise séria como a que aconteceu ontem, da qual ninguém sabe as consequências sociais, económicas e políticas para o povo em geral e para os próximos eleitos em particular.

O homem bem podia ter agarrado no telefone, armar-se em valente na sua qualidade de presidente e de tudo o resto que tem sobre os seus ombros e que vem arrastando desde há uns anos e atirar uns quantos berros clamando por um simples bom senso aos que tinham na mão a eliminação da tragédia.

Mas preferiu ficar calado quando milhões de portugueses teriam agradecido a sua intervenção de varapau nas mãos e lavar as mãos de toda a porcaria que se acumulava como se nada fosse com ele.

Está-se mesmo a ver que seguiu aquele adágio popular que às vezes se usa como motivo para a não intervenção: eles que são brancos que se entendam.

Estou cansado, dói-me a cabeça, ando a dormir mal pelo que... ainda tenho que ouvir os partidos, ouvir o conselho de estado, marcar eleições e descansar finalmente o bom e merecido descanso do bom guerreiro.