5.5.24

A tasca da esquina

 Tenho algumas dúvidas sobre se a tática ou a estratégia assumida pelo governo para desenvolver a sua ação política e implementar o seu programa eleitoral é a escolha mais acertada.

Estes argumentos utilizados sistematicamente para justificar alguma incapacidade de definir o rumo político para o desenvolvimento nunca convenceram os eleitores da esquerda e da estrema direita e talvez já estejam a criar dúvidas sobre a sua eficácia aos próprios eleitores que deram a vitória à ad. 

Para já, não é claro que se trate de coligações negativas (?) o processo que levou à aprovação dos projetos de lei relativamente ao irs e eliminação das portagens nas scuts com a intervenção da esquerda unida(?) e a direita radiical (?).

O primeiro, os seus ministros, os seus secretários de estado e os seus deputados sabem todos perfeitamente e sem margem para dúvidas que os socialistas jamais farão uma coligação de governo com a direita radical e que a direita radical jamais fará um acordo de governo com os socialistas.

Assim todas as intervenções feitas no sentido de tentar convencer o pessoal que se trata de uma coligação negativa para impedir que o governo governe não passa de uma manobra para distrair a atenção cá do burgo e pensar um pouco menos nos grandes problemas que o governo prometeu resolver.

Não deixa de ser um tanto ou quanto caricato o fato de o primeiro ministro se atrever a sugerir que os socialistas deveriam recusar os votos da direita radical, votos que aprovaram as suas propostas e não as propostas do governo.

Nesta história da necessidade de diálogo entre intervenientes para aprovar leis na assembleia da república tem que ter o pontapé de saída por parte de quem apresenta as propostas e de quem precisa da aprovação dessas propostas para poder governar.

E não é durante a discussão de uma proposta que se intenta o diálogo para a sua aprovação em conversas tidas em pleno hemiciclo ou nos corredores da assembleia.

Estas coisas exigem um pouco mais de dignidade, pois não se trata de um encontro de amigos para beberem uns copos na tasca da esquina...

4.5.24

Os carroceiros

 Nos últimos tempos vinha dedicando algum do meu tempo a ver e ouvir programas de informação e comentário político com intervenientes de diversas origens.

Acontece que ontem dediquei cerca de trinta minutos a ver e ouvir um programa de discussão política com três intervenientes deputados dos três maiores partidos com representação na assembleia da república e um moderador que, por acaso, era o diretor do canal na qualidade  de moderador(?), jornalista(?), analista (?), comentador(?) ou simplesmente participante(?)...

Não é preciso estar a par das teorias de informação para saber que a melhor maneira de dificultar e até anular a capacidade de um interveniente em desenvolver a sua ideia ou o seu raciocínio é utilizar sistematicamente o processo de interrupção ou a introdução de uma nova pergunta sem aguardar pela resposta à anterior questão.

Durante a primeira intervenção do deputado apoiante do governo o moderador manteve-se calado e no seu devido lugar  e devido estatuto mas logo que passou a palavra a um outro não resistiu à tática da interrupção a propósito de tudo e mais alguma coisa, processo a que se juntou de imediato o deputado apoiante do governo, de tal modo que um outro interveniente chegou a dizer que trocassem de lugar...

Eu, que já não tinha qualquer esperança de clarificação das minhas dúvidas através de discussões de políticos comprometidos, reforcei a minha convicção da impossibilidade de esclarecimentos de dúvidas quando se trata de discussões com pessoal com estatutos de "políticos" no ativo. 

Às tantas senti um certo enjoo e vontade de vomitar pelo espetáculo que me estava a ser proporcionado por aqueles quatro intervenientes a tal ponto que me fui embora refugiando-me nas séries, nos filmes e nos canais de divulgação científica e de natureza social, cultural e ambiental.

Eu acho que os ouvintes e telespetadores que tenham a paciência de se manterem a ver e ouvir tamanhos desacatos e tamanha ausência de boa educação e de alguma vergonha, deveriam merecer alguma consideração por parte desta gente que se assume como nossos representantes na casa da democracia e de se comportam como se fossem carroceiros ao serviço do dono disto tudo...

 


26.4.24

LIBERDADE

 50 Anos.

Uma idade bonita.

Parece que foi ontem que pelas nove da manhã bati à porta da Livraria Ulmeiro na Avenida do Uruguai para saber algo de mais concreto... mas foi há cinquenta anos!!!

Pela tarde fui até Sete Rios para olhar com muita curiosidade o que se passava na escola técnica da pide...

Foram cinquenta anos!!!

Nunca mais olhei por cima do ombro quando acedia ao metropolitano no Rossio... nunca mais tive medo...

Nem quando quase diariamente passava pela antónio maria cardoso a caminho ou de volta do ISPA na rua da emenda...

É a LIBERDADE ... de viver!!!

22.4.24

As promessas

 Se o afonso henriques não tivesse andado à porrada com a mãe;

Se o diniz não tivesse casado com a isabel;

Se o prior do crato não tivesse andado com as miúdas da zona;

Se o condestável tivesse ficado pelo mosteiro de flor de rosa;

Se o mestre de aviz tivesse ficado por fronteira;

se o andeiro não tivesse sido um "garganeiro";

Se o pedro e o miguel tivessem tido mais juízo;

se o carlos tivesse ficado mais uma semana em vila viçosa;

Se a cadeira não se tivesse partido:

Se o portão da escola prática de cavalaria não tivesse sido aberto a tempo;

Se os mil e quatrocentos milhões não tivessem sido inscritos no orçamento de dois e vinte e quatro;

SE... SE... SE...

Os mil e quinhentos milhões do irs não tinham sido uma aldrabice,

O primeiro não tinha mentido:

Todos os segundos estavam livres de cansar os miolos para encontrar desculpas esfarrapadas;

Os portugueses ficavam mais ricos, os que fossem mais ricos e os pobres continuariam a ser pobres; 

Mas todos estariam a pensar que não foram enganados por conta dos tais cinquenta mil votos...

Chegou a hora do cumprimento das promessas...

Espero ver um dia destes o primeiro, mais os dezassete e ainda os tais quarenta e um numa peregrinação a fátima para cumprimento do prometido, porque... promessas impossíveis se cumprir não podem ser cumpridas pelo que se torna necessária a confissão, o respetivo perdão e o pedido de desculpas pela pouca vergonha manifestada "urbi et orbi"...







13.4.24

Os ouvidos

 Eu sou burro,

Tu és burro,

Ele é burro,

Nós somos burros,

Vós sois burros,

Eles são burros.

Como não há regra sem exceção, aqui vai ela: o primeiro ministro não é burro, os dezassete ministros não são burros e os quarenta e um secretários de estado não são burros.

Ao fim e ao cabo todos podemos concluir que não se trata de uma questão de iletracia mas tão somente de uma questão de audição...

O homem está inocente: nós é que ouvimos mal.

Cuidem-se os polícias, os gnrs, os professores, os oficiais de justiça, os médicos, os enfermeiros e demais funcionários públicos, etc e procurem rapidamente uma lavagem aos ouvidos, porque a coisa pode estar preta...

5.4.24

Cadeiras ocupadas

 Está tudo operacional: os putativos estão nomeados e empossados; as cadeiras estão no lugar; os lugares aguardam pelas personalidades; as mesas de trabalho ainda têm alguns espaços vazios; as pastas estão distribuídas e agora toca a trabalhar, porque já há gente a manifestar-se na via pública por melhores condições de trabalho, o que quer dizer, mais salário...

Está claro que o pessoal não vai dar tréguas a toda esta gente que deixou o descanso das suas vidas profissionais e familiares e vai ter que aturar todas as desgraças e desventuras deste povo desventurado e amargurado e desgraçado.

Todo o mundo vai querer que este pessoal resolva todos os problemas de um dia para o outro, apesar de se saber que as promessas das campanhas eleitorais são apenas e tão promessas de campanhas eleitorais e que agora merecem algum desconto a bem da seriedade e da realidade.

Mas o povo não quer saber da realidade e da verdade, uma vez que a coisa foi pintada de outra maneira onde se vislumbrava a hipótese de o salário e as condições de vida do dia a dia sofrer uma melhoria bem significativa, pois diz-se que promessas são para cumprir e mais nada...

Que tivessem pensado que não se podia dizer tudo e mais alguma coisa e muito menos prometer tudo a todos sem se saber a viabilidade do que se estava a prometer.

Agora que os aturem...porque eles foram os eleitos e os escolhidos para dar felicidade aos milhões que dela carecem...

Pela parte que me toca não tenho bem presente das promessas que me foram feitas durante a campanha eleitoral e não tenho a certeza se me prometeram o aumento da pensão ou  se, pelo menos, não me cortarem qualquer coisa... pelo que a minha expectativa não é grande, aguardando apenas o desenrolar dos acontecimentos, esperando apenas que a barragem do maranhão tenha alguma água lá para o fim do verão.

O resto a gente há-de ver...

11.3.24

Quem te viu

 Aí estão o resultados "quase" finais e o cântico da vitória e a tristeza da derrota ocorreu já no final do dia, quando ninguém se atrevia a pronunciar-se sobre o vencedor.

Mas aconteceu e finalmente muitos portugueses puderam ir para onde é habitual irem quando acaba um dia de trabalho.

Alguns foram tristes, outros alegres, outros ainda semi contentes e finalmente uma boa maioria tinha-lhe saído a sorte grande pelo que tiveram muita dificuldade em adormecer tranquilamente, mas a vida é assim: sempre que há motivo de tristeza, certamente que para outros haverá razão de alegria.

O problema vai ser agora, pelo que a farra e o regabofe de comentadores, de analistas, de especialistas, de  adivinhos e de jornalistas vai continuar durante os próximos meses, dando cada um a sua leitura dos resultados e a sua visão do próximo futuro, quanto aos possíveis ministeriáveis, à formação do novo governo,  à sua sustentabilidade e à sua duração...

As televisões vão continuar a gastar uma pipa de massa com tantos comentares, tantos analistas e tantos especialistas como nunca se viu, mas a guerra das audiências tudo justifica à pala do dever de informação, mesmo que muita seja manipulada e comprometida descaradamente.

Mas é o que temos e o que vamos ter, pelo menos, nos próximos seis meses...

Entretanto haverá milhentas formas de ler e comentar os resultados, de atribuir responsabilidades por isto e por aquilo, bem como preparar o enterro para uns quantos intervenientes no processo eleitoral.

Ao fim e ao cabo entre mortos e feridos algum há-de escapar para ter uma próxima oportunidade de alegria ou de tristeza...

Por mim já o disse várias vezes: desde que não me cortem na pensão... 

Meu pobre ALENTEJO, quem te viu e quem de vê...