29.4.25

A luz

 Sou tentado a admitir, dado o período político que se vive quando tudo é aproveitado para um tempinho de propaganda eleitoral, que estou totalmente contra a vã glória de um qualquer ministro em fazer comparações entre a espanha, o chile e a itália na solução dos respetivos acontecimentos que puseram às escuras aqueles países.
Comparar a dimensão dos problemas causados pelos apagões verificados ontem em portugal e espanha com os apagões pretéritos no chile e  na itália é um exercício que a ética e a pouca vergonha deveriam proibir...
Parece que se pretende ignorar a dimensão territorial do chile, a dimensão populacional e territorial da itália e da espanha com o território e a população de portugal, como que acusando e denegrindo países  por terem demorado mais tempo que portugal para solucionar o problema.
Até a espanha que teve a ajuda da frança e de marrocos demorou mais tempo que portugal a dar luz ao território nacional continental atuando sem ajudas do exterior, mas com o apoio, a intervenção, o denodo, o interesse e fundamental e principalmente o envolvimento do conselho de ministros sempre reunido enquanto os portugueses aguardavam pela eletricidade esperada durante mais de dez horas.
Não restam dúvidas que não fora a boa vontade dos nossos governantes talvez a esta hora ainda estivéssemos esperando pela boa chegada da energia aos sítios e locais mais recônditos desta terra sagrada, que tão dignos representantes alberga.
Já começo a duvidar de virmos a ter conhecimento das causas do apagão ibérico, mas já temos a certeza de sozinhos sermos capazes de enfrentar qualquer problema do género sem ajudas e somente com as nossas capacidades bem mais depressa  do que os nossos vizinhos...
Começo a ouvir por aí umas vozes críticas sobre o tempo, a demora e o processo envolvido no trabalho a dar luz aos portugueses em tempo razoável.
Segundo dizem a existência de mais centrais de produção de eletricidade com capacidade de proceder ao arranque do sistema poderia  diminuir em grande parte o tempo de capacitar a rede para um abastecimento normal dos consumidores.
Dizem que mais duas centrais já era muito bom e até foram apontadas as barragens do baixo sabor e do alqueva a que se poderia juntar uma terceira para que o sistema respondesse com eficácia e rapidez por todos desejada.
Só que isto custa guita...
Coisa que não há que chegue para as encomendas...
Em vez do auto elogio e do palavreado inócuo...
 

 

25.4.25

A tese

 Se a memória me não falha, o que vai sendo habitual, foi a primeira sessão das comemorações do vinte e cinco de abril de mil novecentos e setenta e quatro a que assisti na totalidade, ouvindo e vendo todos os discursos mais as espetaculares intervenções dos jornalistas comentadores.
Não fora o extraordinário e brutal discurso do presidente, diria que a coisa decorreu mais ou menos como\ esperava, pensando, contudo, que valeu a pena ouvir e ver o circo do deputado centrista, do deputado liberal e claro está da sempre espetacular intervenção do chegado com as suas verdades verdadeiras salvo as mentiras, aldrabices e tudo o mais que se queira dele dizer.  
Mas o grande momento da sessão foi, sem dúvida alguma e com a certeza absoluta de acertar e de não me enganar, o discurso do presidente. 
Quem se atreveu a pensar que esperava uma intervenção centrada na política nacional com algumas abordagens à internacional ficou totalmente dececionado, pois acertou muito longe da mouche de um alvo a muitos quilómetros ao lado e à distância.
Estou mesmo a ver que haverá uma boa maioria de estudantes de filosofia e de sociologia que ficaram deliciados com o discurso do presidente porque tiveram a oportunidade de absorver umas quantas ideias para as suas teses de doutoramento: O PAPA FRANCISCO E O 25 DE ABRIL.
E digam-me lá se o tema não é altamente sugestivo e altamente dignificante para todos aqueles que não se importam de abordar temas e assuntos difíceis mas muito compensadores pelos esforços que são necessários envolver para que a tese seja merecedora de um "Suma cum laude".
Nem todos concordam com o tema do discurso do presidente mas devemos ter em conta que se trata de um momento político altamente sensível para todos os que acreditam que a democracia por mais vigorosa que seja pode correr os seus riscos, que o presidente quer evitar a todo o custo. 
Entre ser acusado de pretender favorecer alguma tendência política com a qual está comprometido falando dos problemas ligeiros, graves e gravíssimos com os quais o povo se enfrenta por exclusiva responsabilidade de governos anteriores ou até pronunciar-se antecipadamente sobre o que pensa fazer logo após o ato eleitoral no que concerne à formação do governo ou optar por causar a mais profunda estranheza sobre o tema escolhido, ninguém tem dúvidas que acertou totalmente no alvo quando trouxe o Papa Francisco para o 25 de Abril.
Uma jogada de mestre que vai ser lembrada e comentada durante algum tempo por jornalistas, comentadores, analistas, politólogos, especialistas de tudo de mais alguma coisa  tão só porque o tema não tem fim e é atual e sugestivo para muito boa gente e tanto mais valioso por inesperado que foi
Nem o diabo se lembrava...