24.4.17

As horas

Venho aqui confessar em surdina e declarar em público que me estou nas tintas para as declarações quer do carvalho quer do vieira a propósito das circunstâncias de que se faz o mundo do futebol cá do burgo, embora admita achar alguma piada ao que o presidente lá do norte nos brinda de vez em quando.
Se existe algum problema no que sempre aconteceu e no que está acontecendo e o que vai acontecer no futuro no mundo do pontapé na bola, certamente que não se vai resolver com a atitude e com a posição assumida por quase todos os órgãos de informação e respectivos agentes.
Já repararam em quantas horas diárias são dedicadas pelas televisões à análise e discussão do que se passa nos jogos de futebol em que estão envolvidos os ditos três grandes?
Já repararam no número de comentadores e jornalistas que se dedicam a escrutinar todas as jogadas que podem ser objecto de qualquer dúvida por parte dos comprometidos com os respectivos clubes?
Já alguma vez pensaram que a programação das televisões sem aquelas horas ocupadas pelo futebol teria que exigir dos seus responsáveis algo mais que emitir quinhentas mil vezes a mesma jogada para se chegar sempre à mesma conclusão: penalti para uns, boa decisão para outros?
Já alguma vez colocaram sobre a mesa a hipótese de tudo se tratar de mais um espectáculo, cujos intervenientes são os jornalistas e comentadores pagos devidamente para o efeito?
Já alguma vez se deram conta que é altamente improvável que aqueles jornalistas e comentadores tenham a necessidade de passar duas horas aos berros, com interrupções mútuas e permanentes de tal modo que se torna quase impossível serem percebidos por quem, supostamente, estão a falar?
Será que aquelas discussões são mesmo a sério?
O que aconteceria de os órgãos de informação se abstivessem de emitir as declarações dos carvalhos, dos vieiras, dos pintinhos, deste e daquele, etc e tal... durante, pelo menos, trinta dias?

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