30.4.08

E nem um pio

Passei a tarde hoje na Loja do Cidadão, pois a minha senha registava a hora de entrada às 13H40 e a minha saída verificou-se pelas 18H10 minutos.

Não se pode dizer que se trata de um local deveras interessante e com muitas coisas para ver, mas a necessidade obriga, por vezes, a passarmos por locais que nem lembra o diabo.

Fui à Loja do Cidadão tratar de dois assuntos relacionados com impostos: um primeiro informar-me do que se passava com o imposto municipal sobre veículos e o segundo com o pedido de esclarecimentos sobre o preenchimento dos impressos do irs em matéria relacionada com um herança de uma herdade ali para o Alentejo com uma dimensão bastante razoável não fora a divisão por oito de oito mil metros quadrados…

Passei cerca de cinco minutos para me aperceber do que se estava a passar com a leitura do número da minha senha e o número da senha que era indicada no visor electrónico: qualquer coisa como cento e quarenta números à minha frente…

Como dispunha da tarde e levara um livro, pensei que o local convidava à leitura, muito embora os decibéis de centenas de pessoas a circular era razão mais que suficiente para que qualquer se pirasse dali para fora…

Aguentei cerca de quarenta minutos, passados os quais me lembrei de ir ao 12º Bairro Fiscal tratar do assunto do selo do carro e depois voltava para tratar do outro. E assim foi.

Lá fui para a "bicha" do 12º e passados cerca de vinte minutos estava a pagar 178 euros referentes ao imposto municipal sobre veículos para o ano de 2008… e não bufei, lembrando-me apenas que estaria a contribuir decisivamente para a amortização do passivo da CML e para conforto do ministro das finanças e do Primeiro, que continuam a afirmar que os impostos não sei o quê… eles não devem ter carro próprio…

Voltei para a Loja do Cidadão e não me restou outra hipótese que não fosse devorar mais umas cento e cinquenta páginas do livro… aguardando, qual cidadão bem comportado, o momento em que o número da minha senha lá aparecesse no tal visor electrónico…

Quando tal aconteceu fui esclarecido devidamente em cerca de cinco minutos e aqui estou todo contente pela eficácia da Administração na resolução dos problemas dos cidadãos…

Aparte o valor do imposto do selo, (que já não é selo), não tenho mais comentários a fazer pela deliciosa tarde passada na Loja do Cidadão por onde passam, sem dúvida, milhares de pessoas durante um dia de trabalho…

Mas o mais interessante é que naqueles milhares não deve estar qualquer Secretário de Estado, qualquer Ministro e muito menos o Primeiro para tratar de um assunto pessoal…

E nem um pio…

15.4.08

O Acordo

Durante cerca de quarenta minutos, por dois períodos, estive ouvindo sapientíssimas intervenções sobre o famoso Acordo Ortográfico, que agora anda por aí na berra.

Se outros méritos não tiver esse tal Acordo Ortográfico já ficará lembrado por ter conseguido que eu estivesse esses tais quarenta minutos a ouvir aquela conversa nesse tal programa de que eu tanto gosto, principalmente daquelas intervenções directíssimas e oportuníssimas da responsável para fazer dizer o que os intervenientes não queriam dizer…

Mas é um facto que eu estive lá esse tempo todo e o mais interessante de tudo é que não consigo dá-lo como mal empregue.

Não foi pelas doutas intervenções de uns quantos especialistas na língua portuguesa, mas tão só porque me deu a oportunidade de também eu ajuizar da validade e da utilidade de tal acordo ortográfico, que, segundo alguns, não será bem um acordo mas mais um entendimento, como se aquele fosse produto da aula magna de todas as universidades com a assinatura do Presidente da República e este obra de conversas de tascas lá dos bairros das capitais dos países de língua oficial portuguesa.

Embora não seja fácil retirar uma conclusão da audição de quarenta minutos, o facto é que é possível sintetizar as intervenções ouvidas numa expressão muito idiomática e muito usada em Portugal: "que sim, que não".

Pois é!

E está tudo dito: para mim foi evidente que havia uns quantos especialistas que estavam de acordo com o Acordo e havia também uns quantos especialistas que não estavam de acordo com o Acordo, não fosse o programa denominado de "prós e contras".

Mas o mais interessante de tudo foi ouvir as razões pelas quais uns estavam de acordo e as pelas quais uns não estavam de acordo…

Estes quarenta minutos fizeram-me lembrar algumas conversas de café dos meus conterrâneos lá no Alentejo, os quais, diga-se de passagem, estão altamente preocupados pelo facto de as divergências entre os especialistas a propósito do Acordo possam ter como consequência a sua não aprovação (ratificação?) pelos parlamentos dos diversos países envolvidos, o que seria bem pior que o resultado final da reforma agrária…

O Benfica é o melhor! Porquê? Porque é o Benfica!!!

O Porto é o melhor! Porquê? Porque é o Porto!!!

O Sporting é o melhor! Porquê? Porque é o Sporting!!!

Calem-se lá com essa treta toda! O melhor é o Lusitano de Évora pura e simplesmente porque é de Évora e Évora é a minha terra!!!

E vão trabalhar, malandros…