O AJ ganhou as eleições lá na Ilha com maioria absoluta, só que desta vez, ainda maior do que era habitual. Digo "era habitual", porque parece ser a última eleição a que o homem permite submeter-se. Se houvera outra vez, seria por via da consagração e da aclamação, que bem merece que o Povo da Madeira lhe fizesse justo tributo pela sua vida ao serviço daquele pessoal.
Apesar de nem todos reconhecerem os méritos do AJ, a verdade é que sem ele a Ilha seria uma pasmaceira total, mesmo com os turistas todos a darem alguma animação e contribuírem para que haja vida normal lá para aquelas bandas.
Estas eleições tinham, para alguns comentaristas, um factor de alguma surpresa: faziam crer à opinião pública que o AJ estava meio acabado e que já pouca gente o levava a sério.
Quanto a pouca gente o levar a sério é bem verdade e espero bem que esta gente aqui do Continente continue a fazer ouvidos moços às lancinantes queixas de roubos que estão a fazer à Madeira, mas pensar que o homem está acabado já a coisa chia mais fino.
Cá por mim, sempre pensei que quanto mais dependência tiver a Madeira, mais arrogante será o AJ e mais berraria fará contra alguém, mesmo que esse alguém seja a sua sombra.
Quanto maior for a dependência da Madeira, mais truculenta será a linguagem do AJ e mais diatribes lançará ao vento contra esta cambada de gatunos que são os governantes de Lisboa, que nada mais fazem que espoliar aquele bendito, mas sacrificado povo da Madeira.
Quanto maior for a dependência da Madeira, maior será a maioria do AJ, pois que o pessoal não é tonto e tem a consciência plena de que alguma coisa há-de mudar quando o AJ deixar de governar a Madeira e sabem também que aquele regabofe não pode continuar eternamente: a crise também há-de lá chegar ou, pelo menos, a normalização há-de aparecer nem que seja em bicos de pés.
Não devia, mas vou escrever: eu acho que os resultados destas eleições e todo o seu melo dramatismo não pode ter outra consequência que não seja o AJ a falar de colonialismo, de emancipação, de independência e que o Povo da Madeira não precisa do governo de Lisboa para se governar… a não ser, claro está…
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