18.11.08

Não lembrava ao diabo

Bem pode a Ministra da Educação não ceder um milímetro no processo da avaliação dos professores; bem pode a Ministra da Saúde fechar mais uns centros que não têm doentes para atender; bem pode o Ministro da Agricultura não distribuir os milhões aos agrários da lavoura portuguesa; bem pode o Ministro da Justiça continuar a fazer de conta que os tribunais funcionam às mil maravilhas e que o Ministério Público continua a desempenhar o seu papel com a eficácia e eficiência desejadas; bem pode o Ministro da Defesa Nacional prometer aos militares sabe-se lá o que eles querem de diferente dos outros portugueses; bem pode o Ministro das Finanças, considerado pelo Finantial Times o pior ministro das finanças da UE, bem pode o senhor continuar a subir impostos e a dizer que baixou os impostos, que não sabe mas que sabia, que sim e que não numa trapalhice total; bem pode o Primeiro continuar a aguentar e a suportar com dignidade, mas impávido e sereno, o seu Governo e o deputado poeta, com os seus ordenados/reformas ali todos os meses, bem pode o Governo e o PS a assobiarem para o lado…

A "Líder" do maior Partido da Oposição está a encarregar-se dar de bandeja ao PS a vitória nas legislativas e nas outras também com estes apartes de se lhe tirar o chapéu!!!

Com que então seria bom haver seis meses de não democracia, que o mesmo é dizer, seis meses de ditadura para ver se esta coisa se aguenta e se faz alguma coisa de jeito!!!

Pois claro que sim, Senhora Doutora Manuela Ferreira Leite, não fora nós sabermos que V. Exa. Já fez qualquer coisa desse género com os funcionários públicos durante o seu mandato…

Mas todos sabemos também que o fez a "Bem da Nação"…

Contudo, o grande problema para a Democracia é que a Senhora não está só… lamentavelmente.

5.11.08

Em Memória

Foram mais de trinta meses, durante os quais se contavam os dias que faltavam para tudo acabar…

Foram mais de trinta meses, durante os quais se agradecia, cada um à sua maneira, mais um dia passado sem novidades de maior…

Foram mais de trinta meses de alegrias e de tristezas, de risos e de choros, de fome e de fartura, de dor e de sofrimento, de tudo e até da expectativa e esperança da partida sempre desejada e sempre esperada…

Foram mais de trinta meses durante os quais não te ouvi um lamento, não te ouvi uma queixa, não te vi zangado fosse com o que fosse…

Foram mais de trinta meses durante os quais nunca perdeste o sentido da responsabilidade, do equilíbrio emocional, da tranquilidade, tudo feito modo de viver e transmitir confiança e serenidade…

Foram mais de trinta meses durante os quais tiveste tantas oportunidades de nos demonstrar que a paz de espírito era possível no meio daquela maluqueira toda…

Mas bastou um segundo, quando já nada o justificava nem o fazia prever, quando todos já esperávamos pela data marcada, para deixares uma parte de ti espalhada, quais migalhas, por aquela ribanceira danada…

E aconteceu porque tiveste a dignidade e a coragem de assumir o risco e o perigo que podias ter deixado para os que viessem atrás…

Nem quando te segurei naquele antebraço direito desfeito te ouvi pronunciar qualquer palavrão, qualquer injúria, qualquer coisa que te servisse de consolo ou de revolta, mas apenas, com um modo seráfico, calmo e generoso "…está a doer-me um pouco…".

Quis a vida que não nos víssemos durante os quarenta anos seguintes…

Quando te reencontrámos já andavas a lutar contra a fatalidade que de ti se apoderou da mesma maneira que o fizeste naqueles tempos idos "… de algures no norte de Angola…": com dignidade, com serenidade, com paz, sem azedumes e sem queixumes, porque não se pode atribuir culpas a ninguém…

Não chegou a trinta meses mais e, como já esperavas há algum tempo, foste-te embora, certamente que com a naturalidade como sempre viveste…

Amigo, vai preparando aí um petisco e uma bebida fresca, porque um qualquer dia vamos ter contigo…