4.4.06

Serra da Estrela

Sempre que as circunstâncias me favorecem gosto de passar pelo “ponto mais alto de Portugal Continental”, como apelidam a Serra da Estrela. Já passei pela Serra umas boas dezenas de vezes e não me lembro de ter ficado tão chocado e tão enojado como desta vez.
Já por lá passei de dia, de noite, com chuva, sem chuva, com sol, sem sol, com nevoeiro, sem nevoeiro, com frio, com calor, com gente, sem gente, com neve, sem neve, com… tudo e mais alguma coisa. Nunca me tinha dado conta da situação da Serra da Estrela como desta vez.
Então não querem lá ver que até a neve estava suja !!! As bermas da estrada, as vedações, os charcos, tudo estava uma autêntica “javardice”: garrafas de vidro, garrafas de plástico, copos, papeis, sacos de plástico de todas as cores, predominando o preto… Era um espectáculo degradante a imagem das vedações das pistas de “ski”, onde abundavam os sacos de plástico preto provenientes, suponho, das brincadeiras dos javardos que por ali vão passando, cabendo ao vento a penosa tarefa de os esconder nos contrafortes da Serra e nos arames das vedações…
Mas então o que faz o Parque Natural da Serra da Estrela para a conservação de alguma dignidade de ponto emblemático para milhares de portugueses? Mas então o que faz o concessionário da estação de “ski”? Mas então o que fazem os comerciantes que ocupam o topo da Serra?
Nem sequer me passa pela cabeça admitir que aquilo está votado ao abandono… Por este caminho e admitindo que algum javardo de quatro patas ou alguma ovelha por ali passe circunstancialmente, deverão “pensar”horrores dos seus companheiros de nome, tanto mais que nos seus currais e nos seus chiqueiros naturais a porcaria é bem mais tolerável que aquela que se pode observar no “ponto mais alto de Portugal: a Serra da Estrela.
Devo andar muito mais atento a estas coisas, porque cá mais para baixo, numa vila onde a água não para de correr pelas valetas das ruas interiores durante todo o ano, mesmo no tempo da seca, também tive a oportunidade de constatar o estado dessas tais valetas, onde a água corre todo o ano: maços de tabaco, plásticos, garrafas, papéis, lixo variado e diverso…à espera da água da tarde ou da manhã…que levasse tudo para o Ceira serrano.
Afinal não são só os que por lá passam, são também os que lá vivem…